Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Numa conversa:
Pessoa 1 - Ah, ontem sonhei que a L. respondeu a um tweet da D.. Queria continuar a dormir…
Eu - Enquanto isso eu estava confusa, a comer maças (do amor) em lojas antigas, depois de sair de uma pensão que aluga quartos a 10euros, em lisboa, contigo e com o J..
Nota-se quem é o ser complexo e dramático desta relação.
Há uma massa inconstante que os compõem: expectativas desmedidas, segredos guardados e esperançar imensas.
Cada pedaço seu é pedaço nosso. Essência íntima de quem somos e de quem gostaríamos de ser.
Começam suaves, com contornos pintados a cores neutras, tons pastel. Há medida que se enraízam no âmago do nosso ser, mudam de cor – como vinho tingindo a água. Pintando-nos com contornos fortes, linhas duras, rabisco definidos a preto e vermelho. Amarelos como sol, iluminando.
Delimitam a nossa vida, fazem-nos mover, acordar todas manhãs e resistir aos dias que nos dilaceram.
No entanto, eles nunca morrem, raramente adormecem. Adormecemos nós com eles por companhia, com eles a cada bater de coração, enquanto sonhamos com outros sonhos que um dia também serão nossos.
O meu pai sonhou que nos saiu o euromilhões. Sobressaltado, acordou às 6 da manhã para escrever a chave vencedora num papel. No meio do choque acordou a minha mãe para lhe dar a boa nova: “Vamos ficar ricos!”
Mal a manhã raiou, a aposta foi feita no local do costume, desta vez, com maior espectativa, baseada no sonho premonitório.
Mas, no final de contas, o sonho estava equivocado e continuamos os mesmos tesos do costume. Os números eram tudo menos os corretos - e nem com o erro da TVI lá íamos!
Pobreza é assim, entranha!
Não sou estudante, nem trabalhadora.
Não trabalho, mas ainda não estou desempregada.
Não saí de casa, mas tenho a mala atrás da porta.
Ainda não tenho emprego, mas tenho a proposta.
Ainda não fiz nada, mas já troquei o certo pelo incerto.
Só sei que me faltam o raio dos papeis – burocracias, para partir, novamente, em busca do sonho.
Sonhei-nos.
Sonhei-nos da maneira certa.
Sonhei-nos num adeus, em verbos amargos. Em pragas malditas e em palmadas soltas no ar.
Sem amores perdidos, sonhei-nos na mágoa. Nas minhas palavras presas e nos lugares errantes.
Sonhei-nos no limite, no adeus. No grito da despedida e no arranhar da saída.
Sonhei-nos finalmente, da forma certa.
Sonhei-nos, hoje, sem amor.
Há umas quantas noites seguidas que sonho com a mesma coisa!
Lá estou eu, faminta, suja e desnorteada na Arena. Sonho que estou numa espécie de "Jogos da Fome".
Ora umas vezes sozinha, umas vezes com a minha irmã…
Qualquer coisa cá dentro da minha cabecinha, não anda bem, não anda não!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.