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Casaco

por Marina Ricardo, em 25.02.11

Vesti-te.

Levei-te comigo, junto à pele. 

Senti-te comigo. A tua voz no vento. O teu carinho na brisa.

 

Ainda não desisti. Ainda acredito!

Sou talhada de esperança...

 

Fecho os olhos, toco no couro do casaco que era teu, a tua brisa afaga-me o cabelo revolto, e está tudo bem.

 

 

 

Mas não está... 

publicado às 16:19

Finge

por Marina Ricardo, em 21.02.11

Mergulha. Avança pelas águas profundas que é o teu ser.

 

Esconde-te, camufla-te. Só mais um pouco.

Finge ser o que já não és.

 

Mentes. Sorris quando transportas as dores de todos em ti.

És actriz. És poeta. És falsa por necessidade.

Vives expondo a tua sombra. Criaste-a. És Tu.

 

Concha, barreira, muralha, carapaça, pele - fazem parte de ti.

 

Silencias. Emudeces, quando o teu maior desejo é gritar. Gritar até as tuas as forças sucumbirem, até o céu simplesmente notar a tua presença.

 

Crias as mentiras que vais contanto. És pedra dura, que é frágil pena.

És tu. Com márcaras, mas com verdade. Sem sentimentalismos, forte, TU.

Sem arrependimentos. A olhar em frente. Sem lágrimas. Com o coração ferido e em pedaços.

Tu. Eu.

 

publicado às 23:00

Lágrima

por Marina Ricardo, em 18.02.11

Cai levemente. Silenciosa. Aparentemente inofensiva.


Tenta fazer-se confundir com a chuva, com água.


É mostra de sofrimento, dor.

Amaldiçoarmo-la só por existir, mas sentimo-nos gratos por ela nos lavar a alma.


Por isso, vem lenta, quente e dolorosa lágrima, faz-me acreditar que és água, que és nada, faz-me odiar-te, e agradecer-te por me limpares o que de mais profundo há no meu ser.

Vem, queima-me a face, o âmago. Vem, apenas hoje, enquanto a chuva cai e eu não me oiço chorar.

 

 

publicado às 01:27

The House That Built Me

por Marina Ricardo, em 14.02.11

Porque há músicas que nos descrevem. Nos desarmam. Que contam a nossa história. Que põem a nu as nossas fraquezas, os nossos medos.

Porque há lugares que são Nossos, que somos Nós, que nos moldaram, nos Construíram.

Porque feridas foram conseguidas no seu solo, e lá cicatrizaram.

E porque não há melhor sitio para estar: a nossa Casa.

 

 

 

publicado às 23:45

Amor, quando chegares, não partas

por Marina Ricardo, em 13.02.11

Resgata-me. Rouba-me. Possui-me.

Apodera-te do que é meu. Leva tudo o que não me pertence, o que não sou.

Faz-me. Molda-me. Recria-me.

Mostra-me que é possível, que nada está perdido e que juntos conseguimos.

Vem de mão dada com a felicidade. Trá-la presa a ti como parasita, e os três - eu, tu e ela faremos uma simbiose perfeita.

Não tenhas pressa, aprendi lentamente a viver sem ti. Mas te espero. Sei que me encontrarás, a meio do caminho, no meio da confusão.

Serás sol. Serás lua. Nunca nuvem ou tempestade.

Tatua-me me ti. Fica em mim.

 

Por isso, Amor, se és como todos dizem, quando chegares, jamais partas.

 

publicado às 00:49

Fica

por Marina Ricardo, em 12.02.11

Fica.

Até eu deixar de ter medo.

Até eu ser capaz de mentir.

Até eu ser estúpida o suficiente para acreditar que estou pronta para sangrar.


Fica.

Até as nuvens desaparecerem.

Até os fantasmas morrerem.

Até a dor passar, e estarmos prontos para a acolher novamente, como velha amiga.


Fica.

Não permitas que te vençam.

Não aceites que te silenciem.

Não te rendas.


Fica.

Até as tuas forças se dissiparem.

Até o teu coração parar de bater, porque independentemente de tudo, vais Ficar.

 

Ficas porque é imposivel ires.

Ficas porque estáss aqui, guardado a sete chaves, no báu das recordações, que é o meu coração.

 

 

publicado às 02:17

Dor

por Marina Ricardo, em 07.02.11

Pesa-me o coração,

Como chumbo.


Correm-me as lágrimas,

Como rios.


Dói-me a alma,

Como ferida.


Entorpece-me o corpo,

Tal qual doença.


Fere-me o espírito,

Como espinho.


Corrói-me a pele

Como ácido.


Prende-me a respiração,

Como âncora

 


Magoa-me por todo o SER,

Porque é Dor.

 


publicado às 01:01

Voltas, Voltas, e mais Voltas

por Marina Ricardo, em 07.02.11

Andamos em voltas discretas na mesma esfera. Todos em direcções diferentes. Sem vermos nada nem ninguém. Cegos. Surdos. Mudos.

 

Circulamos num vai e vem não identificado, incorrecto, doloroso.

 

Partimos para longe. Andamos continuamente em busca. Buscas infortiferas que nos levam, simplesmente, a parte nenhuma.

 

Fazemos as trajectórias de um pendolo copioso e delimitado.

 

Somos limitados, e limitantes. Somos sofredores por natureza.

Somos viajantes. Somos seres nómadas que têm medos. Que abalam rumo ao desconhecido, por serem demasiados caprichosos para arriscarmem pelo conhecido, pelo que lhes é dado, por quererem sempre mais e mais...

 

Eu,  mais uma vez, parti rumo ao desconhecido.

 

publicado às 00:57

Ruínas

por Marina Ricardo, em 06.02.11

- Que tens feito? - perguntou-lhe a amiga.

- Ahh... - hesitou. O que é que eu tenho feito? – disse para si mesma - Como é possível não me lembrar!! Ó meu Deus! Eu não sei!!

- Oh Vá lá! Conta! - pediu a outra expectante.

- Nada de interessante - mentiu, enquanto a sua face corava.

 

A restante conversa tornou-se um monólogo. Ela apenas queria saber o que era feito da sua vida, a outra apenas falava dos seus psedo-dramas.

 

A verdade é que ela está assoberbada, cansada, preocupada...

Como poderia tomar conta da sua vida, ou melhor preocupar-se com a criação de algo, se a vida dos outros que a rodeavam estava em ruínas?

Não seria prioritário reconstruir as casas à sua volta, a fazer as fundições da sua?

 

Ela acreditava que sim. A sua casa não era importante. Poderia sempre pedir abrigo na casa dos outros, não era?

E enquanto isso, enquanto erguia de novo as casas ao seu redor não teria de se preocupar de novo com a sua.

 

publicado às 00:37

Traz-me de volta quando chegares

por Marina Ricardo, em 05.02.11

Volta.

Pelo caminho que traçamos juntos. Pelo trilho da floresta conhecida do teu coração.


Vem. Vem cessar o rio de lágrimas que criaste em mim.


Volta.

Com um sorriso nos lábios, o mesmo que me ensinaste a esboçar.


Vem. Sabes como e onde me encontrar. Sabes onde estou, mesmo que eu esteja perdida.


Volta. Vem.

Traz as certezas, a Felicidade, traz-me de volta quando chegares.

 

publicado às 01:53

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