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Mergulha. Avança pelas águas profundas que é o teu ser.
Esconde-te, camufla-te. Só mais um pouco.
Finge ser o que já não és.
Mentes. Sorris quando transportas as dores de todos em ti.
És actriz. És poeta. És falsa por necessidade.
Vives expondo a tua sombra. Criaste-a. És Tu.
Concha, barreira, muralha, carapaça, pele - fazem parte de ti.
Silencias. Emudeces, quando o teu maior desejo é gritar. Gritar até as tuas as forças sucumbirem, até o céu simplesmente notar a tua presença.
Crias as mentiras que vais contanto. És pedra dura, que é frágil pena.
És tu. Com márcaras, mas com verdade. Sem sentimentalismos, forte, TU.
Sem arrependimentos. A olhar em frente. Sem lágrimas. Com o coração ferido e em pedaços.
Tu. Eu.
Cai levemente. Silenciosa. Aparentemente inofensiva.
Tenta fazer-se confundir com a chuva, com água.
É mostra de sofrimento, dor.
Amaldiçoarmo-la só por existir, mas sentimo-nos gratos por ela nos lavar a alma.
Por isso, vem lenta, quente e dolorosa lágrima, faz-me acreditar que és água, que és nada, faz-me odiar-te, e agradecer-te por me limpares o que de mais profundo há no meu ser.
Vem, queima-me a face, o âmago. Vem, apenas hoje, enquanto a chuva cai e eu não me oiço chorar.
Porque há músicas que nos descrevem. Nos desarmam. Que contam a nossa história. Que põem a nu as nossas fraquezas, os nossos medos.
Porque há lugares que são Nossos, que somos Nós, que nos moldaram, nos Construíram.
Porque feridas foram conseguidas no seu solo, e lá cicatrizaram.
E porque não há melhor sitio para estar: a nossa Casa.
Resgata-me. Rouba-me. Possui-me.
Apodera-te do que é meu. Leva tudo o que não me pertence, o que não sou.
Faz-me. Molda-me. Recria-me.
Mostra-me que é possível, que nada está perdido e que juntos conseguimos.
Vem de mão dada com a felicidade. Trá-la presa a ti como parasita, e os três - eu, tu e ela faremos uma simbiose perfeita.
Não tenhas pressa, aprendi lentamente a viver sem ti. Mas te espero. Sei que me encontrarás, a meio do caminho, no meio da confusão.
Serás sol. Serás lua. Nunca nuvem ou tempestade.
Tatua-me me ti. Fica em mim.
Por isso, Amor, se és como todos dizem, quando chegares, jamais partas.
Fica.
Até eu deixar de ter medo.
Até eu ser capaz de mentir.
Até eu ser estúpida o suficiente para acreditar que estou pronta para sangrar.
Fica.
Até as nuvens desaparecerem.
Até os fantasmas morrerem.
Até a dor passar, e estarmos prontos para a acolher novamente, como velha amiga.
Fica.
Não permitas que te vençam.
Não aceites que te silenciem.
Não te rendas.
Fica.
Até as tuas forças se dissiparem.
Até o teu coração parar de bater, porque independentemente de tudo, vais Ficar.
Ficas porque é imposivel ires.
Ficas porque estáss aqui, guardado a sete chaves, no báu das recordações, que é o meu coração.
Andamos em voltas discretas na mesma esfera. Todos em direcções diferentes. Sem vermos nada nem ninguém. Cegos. Surdos. Mudos.
Circulamos num vai e vem não identificado, incorrecto, doloroso.
Partimos para longe. Andamos continuamente em busca. Buscas infortiferas que nos levam, simplesmente, a parte nenhuma.
Fazemos as trajectórias de um pendolo copioso e delimitado.
Somos limitados, e limitantes. Somos sofredores por natureza.
Somos viajantes. Somos seres nómadas que têm medos. Que abalam rumo ao desconhecido, por serem demasiados caprichosos para arriscarmem pelo conhecido, pelo que lhes é dado, por quererem sempre mais e mais...
Eu, mais uma vez, parti rumo ao desconhecido.
- Que tens feito? - perguntou-lhe a amiga.
- Ahh... - hesitou. O que é que eu tenho feito? – disse para si mesma - Como é possível não me lembrar!! Ó meu Deus! Eu não sei!!
- Oh Vá lá! Conta! - pediu a outra expectante.
- Nada de interessante - mentiu, enquanto a sua face corava.
A restante conversa tornou-se um monólogo. Ela apenas queria saber o que era feito da sua vida, a outra apenas falava dos seus psedo-dramas.
A verdade é que ela está assoberbada, cansada, preocupada...
Como poderia tomar conta da sua vida, ou melhor preocupar-se com a criação de algo, se a vida dos outros que a rodeavam estava em ruínas?
Não seria prioritário reconstruir as casas à sua volta, a fazer as fundições da sua?
Ela acreditava que sim. A sua casa não era importante. Poderia sempre pedir abrigo na casa dos outros, não era?
E enquanto isso, enquanto erguia de novo as casas ao seu redor não teria de se preocupar de novo com a sua.
Volta.
Pelo caminho que traçamos juntos. Pelo trilho da floresta conhecida do teu coração.
Vem. Vem cessar o rio de lágrimas que criaste em mim.
Volta.
Com um sorriso nos lábios, o mesmo que me ensinaste a esboçar.
Vem. Sabes como e onde me encontrar. Sabes onde estou, mesmo que eu esteja perdida.
Volta. Vem.
Traz as certezas, a Felicidade, traz-me de volta quando chegares.
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