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Para todas as perdas temos de fazer um luto.
Para nos refazermos do que perdemos, temos de conservar um tempo para a nossa dor fermentar, para a ferida, ainda aberta do desaparecimento de quem amamos, curar.
Este estado de despedida e tristeza profundo, pintado em tons escuros, não acontece apenas quando alguém defina. Não é preciso uma morte, para fazermos luto. Basta um afastamento repentino de quem, num certo momento, foi o nosso chão, céu, e mar.
Ontem, ao passar pelas horas que foram tuas – minutos meus que te pertenciam, que eram dedicados a ti, percebi que já não me fazes falta.
A minha dependência de ti acabou, a minha mágoa, a minha urgência em ter-te, e a dor física dilacerante da tua ausência adormeceu.
A saudade, amiga antiga, essa, permanece. Mas, por entre o meu luto, deixei-te morrer, deixei-te partir, e libertei-me, finalmente, da gaiola que me prendia, qual pássaro assustado, ao teu coração.
Ontem, por entre um tique taque impaciente e o seguinte, percebi que o meu luto por ti acabou.
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