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É verdade. E isto deixa-me com um grande sorriso.
Encontramos o amor nos locais mais inóspitos. Descobrimos a forma certa de amarmos, de nos amararmos nos locais mais desprovidos de esperança. Mas, amamos. Onde quer que seja. O que seja, bem ou mal. Simplesmente mantemos o nosso coração bater nos compassos descompassados destes amores que de tão errados se propagam e mantêm certos. Amamos porque do amor depende quem nos somos, o que somos e quem seremos. Nós, amamos em qualquer lugar. Qualquer coisa. Só para nos mantermos vivos.
"- Suponho que não devias fumar – disse-lhe.
Sabia, e por convivência com médicos, e por alguma consciência que me restava, que fumar não era saudável.
- E supões bem – respondeu, soltando o fumo por entre os lábios.
- Então, porque fumas? – perguntei confusa.
- Sinceramente? – perguntou sorrindo. – Nem eu sei.
- Mas, se não tens razão para continuar, porque não páras – disse, não fazendo a mínima ideia do que estava a falar.
- Também não tenho razão para parar, pelos menos por agora. Não me sinto mal por faze-lo… - disse com mais uma tragada. – Além do mais, fumar é o expoente máximo de quem espera… todos os que esperam na vida, mais cedo ou mais tarde, fumam, Vendaval.
Abri a boca para ripostar, para contra-argumentar o que ele acabara de afirmar, mas, antes de proferir palavra, parei.
Naquele momento percebi que eu e aquele vício de tabaco não éramos assim tão diferentes.
Ambos não tínhamos razão para continuar, mas não era por isso que iríamos parar. Além dos mais, éramos os dois pacientes e sabíamos como esperar…
Nuno acabou o seu cigarro rapidamente e eu permaneci calada observando a beata entrar e sair por entre os seus lábios. "
(este excerto faz parte do meu projecto para o concurso)
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