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Tudo o que aqui escrevo são meias verdades. São mentiras dos outros que adotei como verdades minhas. São a forma como perceciono o que me rodeia, o que me fere e o que me abraça, o que me dão, o que me tiram e o que eu vou buscar de volta.
Nada do que aqui se passa é absoluto ou fidedigno. Porque, bem no fundo, o ele que conhecem nem sempre é feio, assim como eu que leem nem sempre é bonito. E, nem sempre estou tão resolvida quanto a ele quanto gostaria – dependências são assim.
Ele, ao seguir em frente, nem sempre teve as portas abertas. Também levou pancadas e caiu, arranhando os joelhos e rasgando as calças novas que tanto tinha trabalhado para comprar. Assim como eu também fui obrigada a fazer voo rasteiro e raspei a cabeça pelo solo, sangrando e perdendo alguns dos meus fios de cabelo cor de ouro.
A diferença entre nós, nestes tempos difusos, são simples – eu limpei-lhe as ferias e fiz das tripas coração para o ajudar mesmo estando a quilómetros de distância e ele nem faz ideia de que me magoei. Viu as manchas vermelhas no passeio, mas não percebeu que o sangue me pertencia.
No fundo, somos agora o que o destino nos tornou – dois estranhos, com duas vidas.
O que difere, é o facto de ele ter seguido em frente, mudado de ares e ganhando novos amores para a agenda e agora par o coração e eu – parva!, alimentei fantasmas por demasiado tempo.
Dizem que a disponibilidade para amar é um estado de espirito. E, embora a minha mete esteja pronta há anos, o meu coração ressente-se e não aceita hospedar um novo dono.
Talvez eu seja como as personagens dos livros que tanto leio. Talvez me cure quando chegar o momento, quando alguém chegar, quando a vida quiser e eu deixar. E aí, aí, será para sempre. Sem dúvidas, dores ou ressentimentos, até que morte nos separe e depois dela.
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