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Há uma massa inconstante que os compõem: expectativas desmedidas, segredos guardados e esperançar imensas.
Cada pedaço seu é pedaço nosso. Essência íntima de quem somos e de quem gostaríamos de ser.
Começam suaves, com contornos pintados a cores neutras, tons pastel. Há medida que se enraízam no âmago do nosso ser, mudam de cor – como vinho tingindo a água. Pintando-nos com contornos fortes, linhas duras, rabisco definidos a preto e vermelho. Amarelos como sol, iluminando.
Delimitam a nossa vida, fazem-nos mover, acordar todas manhãs e resistir aos dias que nos dilaceram.
No entanto, eles nunca morrem, raramente adormecem. Adormecemos nós com eles por companhia, com eles a cada bater de coração, enquanto sonhamos com outros sonhos que um dia também serão nossos.
De Thula jewelry, no etsy
A vizinha dos meus avós mudou de casa deixando para trás a Micha, a gata.
Habituada a ser alimentada pela minha avó, a bichana ficou no pátio que sempre lhe pertencera – o do lado.
Importante será dizer que no que a procriar diz respeito, a Micha é aparentada com os coelhos – é rápida, eficaz e produz ninhadas consideráveis.
Por estes dias, já não sei ao certo quanto filhos teve – mas que metade da freguesia tem as suas crias em casa, lá isso tem!
Semanas depois de ter ficado “há sua mercê” no pátio ao lado, apercebo-nos que a Micha ia ser mãe novamente. A preocupação não foi grande – quem alimenta um, alimenta mais um ou dois…. Vários, uma vez que a Micha é coelha…
O tempo foi passando, e com os mios, baixinhos, percebemos quee a descendência felina já havia visto a luz do dia.
Dentro de casa - agora vazia – precisamente dentro de um armário, nasceram quatro gatinhos.
LINDOS! LINDOS! Pelo claro e olhos azuis (dois (duas) deles “gémeos), com exceção de um preto (em muto parecido com o meu Tobias).
Semana aqui, semana acolá, os pequenotes lá cresceram e a mãe (e a minha avó) trouxeram-nos cá para fora, para uma caminha improvisada debaixo da varanda.
Cada elemento da família – babados, babados que estávamos -, tinha o seu favorito, embora nem sempre o confessasse – a minha avó preferia uma das gémeas malhadinhas, traquina que só ela, já eu e a minha irmã deixamo-nos conquistar por uma gatinha angelical a quem chamamos Taylor Swift (muito em por causa do ar indefeso e dos olhinhos claros).
Ontem de manha, porém, a minha mãe – recém-chegada de casa da minha avó, anunciou, tristementes que apenas um dos gatinhos estava no pátio, a dormir, num dos vasos da minha avó.
Tentei descansar-me – decerto os outros estariam escondidos por entre os vasos a brincar, como de costume. Pensava na ausência da pequena Taylor, por quem havia desenvolvido um carinho especial, e a ideia não me agradava… em nada.
Em todo o caso, decidi confirmar. E, ainda nem tinha posto o pé para lá do portão de ferro, dei de caras com a fedelha minorca da Swift; mais adiante, a solhar, estava a Micha, ladeada por uma das gémeas.
Tenho de confessar que ver a homónima da interprete de “Love Story” me deixou deveras feliz. Ia-me custar muito deixar de a ver por ali, predizer o seu futuro incerto e desconhecido para além do pátio…
Quanto à irmã (por agora denominada Miranda (como a Lambert!)) apareceu à hora de almoço toda suja de óleo de motor e terra.
Aos outros gatinhos, desconhecemos o paradeiro – por enquanto. Esperamos que estejam bem. Tão bem quando as manas, a Taylor e a Miranda, e tão bem alimentados quanto a Micha, a dona do pátio ao lado.
(Taylor Swift)
Numa conversa:
Individuo X - .... Fashion....
Eu - Fashion...? Não me fales em fashion! Fashion, lembra-me a Balenciaga, Balenciaga lembra-me a Kristen, a Kristen está em Paris, Paris lembra-me Robsten... não me digas mais nada....
*ar sofredor*
Sem que soubesses adormeci no te regaço.
Sem teres noção, naveguei na tua pele, poro entre poro, sob sono profundo.
Em ti vivi. No teu corpo, na tua essencia. Sempre sem saberes que me carregavas, ao peito.
Depois, caí-te, pesada, morta, fria.
E tu, tu seguiste, passo apressado, cabeça perdida. Em frente, sempre em frente.
Perdeste-me e nem me viste.
Porque tu – ó humano errante, nunca viste. Olhos pardos, vista fusca.
Porque tu nunca soubeste. Nunca Me soubeste: o que me move o que me alimenta.
Coração, alma e respiração, nunca te deste conta deles. Nem mesmo quando os tinhas ao regaço. Nem mesmo quando em ti, e de ti, somente fui vivendo.
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