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Mesmo junto à raiz dos meus cabelos havia uma mancha preta. Uns rabiscos negros. Letras.
Tatuagem, percebi.
Eu tinha uma tatuagem. senti um frio na barriga, sem saber porquê. Era como se tivesse descoberto o segredo de alguém que não conhecia. Talvez este fosse o caso...
Tentei decifrar o que lá estava escrito, mas, através do reflexo a tatuagem não passava de um emaranhado de linhas indistintas.
Saí a casa de banho, decidida a procurar alguém. Precisava de alguém que fosse capaz de me ler a tatuagem.
Voltei a vestir o robe e saí do quarto. Ainda mal tinha posto o pé fora da divisão, vi Nuno.
- Olá, vendaval! – saudou de modo vivaço.
- Lê-me – disse, de modo automático, virando-me de costas para ele, levantando o cabelo.
- O que…? – parecia confuso.
- A tatuagem, na nuca! – expliquei impacientemente.
- “The mad ones” – respondeu prontamente, como se nem precisasse de ler.– Entre aspas.
- The mad ones – repeti.
Uma parte de mim, a consciente, a que estava parada naquele corredor, de cabelo preso no cimo da cabeça, sentia-se confusa. O que significaria uma frase numa língua estrangeira na parte traseira do meu pescoço.
Mas, outra parte, a mesma que mantinha as minhas memórias aprisionadas, sabia que tudo aquilo fazia sentido. Eu, outrora tivera uma razão –uma razão forte, para a tatuar. Eu fora uma “louca”, uma mad… só tinha de descobrir quando e como.
De Bario Neal
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