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Sempre acreditei e defendi a vida. Viver, sempre me pareceu desafiante e proveitoso.
Nunca acreditei nas depressões, mas sim em pessoas deprimidas. Em tristezas tão profundas que magoam, que matam aos poucos. Assim como nunca acreditei – se é que é uma questão de crença, na psicologia, nem mesmo quando a tive que a estudar. Não acreditava, nem acredito, de certo modo, que leis e ideias concebidas há mais de 50 anos possam revolver problemas específicos de pessoas, de todas as pessoas, ao longo dos tempos.
Porém, depois de uma análise mais profunda, pessoas são pessoas, sempre o foram e sempre o serão. Os seus problemas e dores são patentes à sua condição humana e talvez sempre venham a ser – todos semelhantes, todos diferentes.
Mas, nunca compreendi o desespero que leva alguém a preferir a morte em detrimento da vida. Isto talvez porque nunca ponderei desistir. Lembro-me uma vez, em que no decorrer e um trabalho de interpretação, tive de escrever e dar vida a uma carta de suicídio. Depois de horas a tentar escreve-la, sem sucesso, criei uma personagem. Só assim fui capaz de cumprir tal tarefa – sair de mim, entrar no sofrimento ficcionado de outra pessoa.
Porque talvez tudo se resuma a isso – sofrimento. Sofrimento e crença no seu fim instantâneo.
Talvez longe daqui sejamos todos pássaros que voam além céus, asa bate, asa bate.
Eu, teimosa por natureza, quero acreditar que somos caixas. De diversos tamanhos. Diferentes cores. Tamanhos disformes. Umas mais rasgadas. Outras rotas. Mas, todas passiveis de arranjo. Todas perfeitas à sua maneira, com mais ou menos cola, mais ou menos amassadas.
Acredito na esperança e nas pessoas. Pessoas que ajudam pessoas, pessoas que amam pessoas. Pessoas que salvam pessoas, pessoas que se salvam.
Acredito em salvação. É nela que acredito.
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