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Dentro de mim há uma espécie de sopa de cidreira e mentol - vamos supor que sou um caldeirão gigante, sim?, culpa da quantidade de chá e rebuçados da tosse que tenho ingerido.
Quem não gosta é o meu estômago que se recente com tanta cafeina e substâncias mentólicas.
Que a minha garganta melhores, rápidoooooooo!
Um dia já fui aquele tipo de pessoa que se conformava. Um dia, apenas desejei que nada se alterasse, que eu pudesse permanecer como estava, como me sentia, ali, naquele mesmo sítio.
Deseje-o porque, ao tempo, sentia-me feliz, bem comigo e com os outros.
Depois, a vida arrastou-me para longe, levou-me a outras terras, deu-me outras janelas, mostrou-me outras vistas, e eu, assustada a principio, ajustei-me a elas.
Aprendi a gritar, a falar, alto e bom som. Aprendi a sentir, sozinha, o que gostava de partilhar com os outros. Aprendi a reinvenção de mim, do eu, que evolui dia-a-dia.
Descobri que sozinha era capaz. E descobrir, que o ficar estagnado não era para mim, embora, por vezes gostasse de parar e respirar fundo.
Substitui nesse tempo, então, os abrandamentos por desejos de aceleração, vontades de circulação. Aprendi que o medo faz parte das viagens longas, assim como a saudade das pessoas, dos lugares e dos cheiros.
Porque somos assim, seres mutantes, que têm necessidades estranhas de se mexerem quando tudo parece perfeito, de falar para quebrar silêncios mágicos, se ser mais quando somos muito.
Somos assim: estranhos e imperfeitos, na procura da normalidade e perfeição.
Entra sem bater e não faças barulho. Senta-te no chão dobrando suavemente os joelhos.
Mostra-me como bate um coração, como olha uma vontade, como age um amor.
Entra sem falar e senta-te ao pé de mim. Assim, num aconchego.
Fixa-te na minha essência. Toca-me o âmago, somo se eu fosse fácil de amar.
Entra sem anúncios, sem barulhos nem falas. Entra com malas e bagagens.
Entra e juntos, no meu coração, montaremos tenda. Entra sem bater. Entra, entra para ficar.
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