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Pensei que era a gravidade que nos movia, meu amor.
Pensei ser ela a responsável pelo nosso equilíbrio, a culpada pelos encontros ocasionais e pelos olhares furtivos de então.
Mas, a gravidade perdeu-nos. A gravidade trai-nos, meu amor. Deixo-nos ao abandono, deixo-nos por nossa conta.
Teria ela pensado que o seu trabalho em nós teria terminado? Ter-nos-á entregue ao destino, esse inclino matreiro?
Terei sido eu que comecei a duvidar dela? Ou teremos os dois mudado as rotas e os fusos horários?
Sabes, acho que deixei de acreditar que ela nos movia. Não quero acreditar que era a gravidade que decidia por nós. Prefiro acreditar que eram fios que nos ligavam. Prefiro desejar que cada um de nós, à sua maneira e forma destinta, tenha cortado esses fios, e outras malhas, por teimosia, se perderam. Um a um. De forma indolor e isenta de culpas, cortamos os fios que atavam os nossos pulsos e tornozelos.
Cortamos os fios, meu amor. Cortamos os fios que nos prendiam. Agora somos livres. Livres e sós um do outro. A gravidade foi-se e os fios também. Tudo se foi, meu amor, tudo se foi.
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