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Se soubesse que me haverias de matar, por ti não teria morrido meu coração.
- Mãe, tem piedade – repetia a rapariga.
Devia andar na casa dos 15 e tinha um notório esforço por parecer cool.
- Mãe, tem piedade – suava a mantra, de tão repetido.
A mãe, aparentemente alheia à reza da filha, digitava uma mensagem escrita no telemóvel topo de gama, branco.
- Mãe, tem piedade! Piedade! Piedade, mãe! – a rapariga abanava as pernas nervosamente e soltava grandes golfadas de ar entre falas.
- Tem tu piedade! Piedade de mim e do meu dinheiro! – respondeu a progenitora, por fim, sem tirar os olhos do telefone.
- Mas, O Cd é o último! O último! Os bilhetes do concerto esgotaram e só há um CD! Tem piedade! Dá-me o CD dos One Direction! Tem piedade, mãe…!
Enquanto isso, eu impávida e serena, passo os artigos pelo scanner e conto os bip, bip’s, enquanto contento uma gargalha-não-piedosa.
De referir que a mãe, num ato de misericórdia e piedade, lhe deu dinheiro e a menina foi à Worten comprar o CD.
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