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- Quando eu já cá não estiver - disse ela em leito de morte, em voz sumida, como se já não estivesse ali de facto - Quero que lhe entregues tudo. - tossicou, engolindo em seco mágoas que só ela via. - Tudo o que escrevi, tudo o que os meus dedos tocaram, todas as folhas onde o meu lápis poisou amor, onde a minha caneta pintou desejo e raiva. Quero que ele leia tudo, tudo até a sua alma secar as lágrimas que por ele chorei enquanto escrevia.
Fez uma pausa e fechou os olhos. Parecia cansada, exausta. Tinha um milhão de anos. Talvez mais; decididamente mais.
- Diz-lhe em tom de lamento que o amei em prosa, em poesia. Que o amei em romance não vivido. Diz-lhe que o escrevi para não o esquecer, diz-lhe que ele jamais será esquecido porque o escrevi.
Adormeceu por fim. Ainda não era o fim. Era apenas mais um sono.
“Judging a person does not define who they are. It defines who you are.”
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