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Podia facilmente começar este texto com frases da letra de “Catch My Breath”. Seria mais simples, pouparia palavras.
E, no fundo, este foi um anos de respirações, de suspiros mais ou menos prolongados, mais ou menos animados, suspiros de todos os tipos, sempre mais que menos.
2012 foi o ano da mudança – o ano que 1991 projetou, o ano em que cheguei a uma paragem desta viagem a que muitos manuais teimam em chamar vida.
Passei de estudante a finalista, de finalista a desempregada, de desempregada a jornalista de supermercado e por fim voltei à estaca zero.
E zero é bom. É folha em branco, pronta a ser desenhada, escrita, recortada, dobrada – para o ano posso ser origami, quem sabe.
Cresci, oh, como cresci – nunca pensei que se podia crescer tão alto! Mas, pode-se, não há limites de altura, altura e coração.
Conheci-me mais e muito melhor. Enterrei vivos que ainda me faziam falta, e depois plantei-os no coração e voltei a aprender a rezar, por eles e por mim – algo que tinha esquecido propositadamente.
Descobri-me no meio de jornais, depois de pensar que eu lá não pertencia. Fiz entrevistas a desconhecidos, criei fontes telefónicas e passei a conhecer bombeiros pela voz.
Tive certezas e chorei de dúvida – talvez tenha sido o ano da minha vida em que mais vezes chorei, sem nunca ser chorona.
Plantei girassóis, apaixonei-me por pássaros, criei gatos, tomei banho vestida de preto e branco em fontes, de noite e de dia. Fiz promessas de para sempre, e vim a descobrir que sempre não tem prazo de validade.
Tatuei palavras na pele, sem as escrever. Tirei fotos de grupos eternos da memória. Subi ao céu e desci ao inferno – tudo em poucos minutos. Gritei, senti-me traída e injustiçada. Ri, ri muito, e cantei a plenos pulmões, no meio de gente, muita gente que cantava como eu. Esqueci o mau, quando pensei que este estava cravado na em mim eternamente, e fixei o bom nas entranhas.
Cortei o cabelo, fiz do preto a cor padrão das minhas unhas. Comprei sapatos, blazers e colori-me, como as crianças fazem nas sebentas.
Conheci novos amigos e conheci a face de quem já conhecia o coração.
Fui pirata em terra, feiticeira no mar. Brisa no inverno, vendaval no verão. Furacão a maior parte do tempo.
Deixei de viver aqui e ali, ficando apenas aqui – deixei um senhorio mais pobre. E tive crises. Crises, crises como as crises que por aí andam.
Deixei o estômago arder em brasa, sob a desculpa crónica da gastrite. E, cozinhei, cozinhei muito, melhor e bem.
Decidi que quero escrever um livro em breve, e as palavras decidiram que me querem dar folga – decidi não desistir.
Aprendi a distinguir maçã golgen, de maça fugi, de starking, de pink lady, atribui-lhe códigos e pesei-as milhares de vezes. Vendi coisas, sem o tentar fazer. Usei uma empilhadora e fiz anéis.
Adoeci e corei-me. Corei-me de doenças e de pessoas. Vi o sol nascer e tive esperança. Perdi capas, proteções e defesas, cobri-me de esperança, perdi a esperança, por achar pesada, despi-me, adornei-me de esperança.
Li muito, apaixonei-me por personagens, vi muitos filmes e series. Sofri por sagas e por atores que lhe dão vida. Algures por terras australianas alguém me deixou “Blown Away”.
Amei – como amei! Quem devia e quem não devia, da forma certa e errada. Em silêncio e ao som de gargalhadas. Mas, amei, e o amor é essencial.
2012, fez-me mulher, fez-me feliz. Obrigada pelos dramas e dores, pelas alegrias e sonhos realizados e por realizar. Que te propagues em 2013.
E que seja bom, que seja um bom ano!
Feliz 2013 para todos e obrigada por todas as aventuras que partilharam e partilharão comigo!
A Carolina passou-me o selo da Campanha de incentivo à leitura - Obrigada.
Devo relembrar a minha falta de tato para estas coisas...
Como eu nunca faço o que me mandam não vou indicar os 10 blogs, quem quiser ser "selado", sinta-se à vontade; e como gosto de dar sugestões literárias, não vou responder à pergunta
'Qual Livro Indicaria Para alguém Começar a Ler?' com um livro, mas sim com três:
Os livros de sempre (ou os livros que TODOS devem ler enquanto têm olhos!): On The Road (porque tudo o que lemos hoje, com a mentalidade dos nossos dias, nasceu ali, naquele tempo, com aquelas pessoas); O Monte dos Vendavais (Clássico é clássico. Romances são bons, este é melhor!); Um Dia (Adoro-o mais por questões pessoais e de identificação pateta do que pela história em si, mas é, sem dúvida uma boa leitura).
The Perks of being a Wallflower. Se não viram, vejam (e levem lenços, vão precisar!)
"E pronto, acabou-se", resume um bocadinho o sentimento se a frase for seguida de um profundo suspiro. Tenho pena que esta fase tenha acabado- tenho de facto.
Sei que muitos de vocês devem ter pensado que para alguém que se matou a estudar (como eu matei, sem arrependimentos), trabalhar num supermercado foi de certo modo redutor. Porém posso afirmar-vos que, muito pelo contrário, foi engrandecedor.
Como já por aqui disse, este período, serviu em muito para uma nova mentalidade se instalar em mim - sinto-me mais confiante, mais aberta a novas experiências. Sinto-me melhor comigo e com os outros. Vi-me em situações novas, com pessoas novas, um trapézio sem rede - literalmente. Tiraram-me o papel e a caneta, as notícias e deram-me comida para vender. Comida, uma caixa registadora e clientes de todas as idades e feitios.
Estar fora da minha zona de conforto fez-me perceber de que fora dela sou capaz de muito mais do que imaginava (que se lixe o conforto, que vá passear a zona!).
Espero voltar, em breve - espero mesmo. Sempre gostei de supermercados, foram forma de terapia e aconchego, durante 3 anos, em Vila Real: lembravam a família que estava longe.
Se não voltar, melhores e diferentes coisas me esperam. E que eu continue sempre a aprender. Sempre.
Florbela. Vi ontem e gostei MUITO.
Os mortos são na vida os nossos vivos, andam pelos nossos passos, trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem connosco. Mas eu não queria, não queria que o meu morto morresse comigo, não queria! E escrevi estas páginas…
Este livro é de um Morto, este livro é do meu Morto. Que os vivos passem adiante…
Que venha assim, como beijo na noite, com a suavidade de uma asa de borboleta.
Que seja arrepio no frio da madrugada. Dor de alma, fogo da paixão, nuvem no céu. Sol.
Que venha assim, sem medo e sem dor. Nem morte, nem vida.
Que seja definitivo, sem fim e sem início. Sem meio, no meio dos que o procuram.
Que venha e seja, o resto a gente compõe.
Não foi uma semana fácil: a doença colada ao corpo, a fazer a comida querer descolar do estômago.
Mas, a doença está a passar (se bem que sinta uma gripe a chegar... ai, ai!).
Amanhã, é o meu último dia de trabalho - adeus à jornalisa de supermercado. Depois disto, a incerteza volta de mão dada com a expectativa e o medo.
Não foi uma semana propriamente boa. Haja esperança e força para seguir em frente. Haja esperança, melhores dias estão por vir…!
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