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Tinha tanto a dizer, mas, as palavras perderam-se todas as vezes que a boca se abriu...
Acho que já conheci e perdi o homem da minha vida vezes a mais.
Vi-o na fila para a secretaria, dei-lhe a mão por engano no baile, trabalhava comigo, estava a meu lado na fila de trânsito, sentou-se, daquela vez, a meu lado no autocarro fingindo dormir grande parte do tempo, cruzou olhares comigo ontem, por duas vezes, em dois sítios diferentes, a horas distintas.
Mas, imediata e inevitavelmente acabo por perde-lo, sem sequer o nome lhe ler nos lábios, dentro dos meu caminhos retorcidos, no meio das multidões, nas nossas confusões.
Não sou boa com as faces dele, mas lembro-me de pormenores: do brinco de madeira, do cachecol vermelho, da mochila linda, dos olhos claros ou do cabelo acobreado.
Porém é sempre a tua face que lhe atribuo quando com ele sonho, quando por ele procuro.
Acho que me deixei levar pelo desafio que sempre foste, pelo rapazinho que tinha sempre a palavra certa para despontar a discussão. E eu, gostava disso - dessa adrenalina das vozes altas e da resposta certeira.
Sito que deixei nascer um amor pequenino e confuso que formou um labirinto em redor da nossa amizade e ela não mais pode de lá sair. A nossa amizade perdeu o caminho de volta, nós perdemos o caminho um para o outro.
E talvez seja isso que procuro sempre na cara dos outros, nos olhos dos outros, nessas filas de supermercado, nessas pessoas nas ruas: uma réstia de ti, desse fogo que me aquecia por dentro. Desse desafio, dessa forma hedionda e irritante que eras, mas desses olhos - esse que já não me poem a vista em cima...
Oh, são esses que tenho vindo a procurar...
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