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Tivemos uma fuga de gás, cá em casa, mais de uma semana – assim mais ou menos sem sabermos.
Ou temos um espírito protetor ou somos todos uns bichos ruins, daqueles que não morrem.
Sinto-me perdida - como à muito não me sentia, e cada dia mais um pouco.
Dei por mim, em casa, sempre em casa, sem grande predisposição para mais do que despir o pijama e vestir as calças xadrez.
Vou fingindo estar bem - e há momentos em que finjo tão bem que eu própria acredito que estou bem!
Fiz pesquisas exaustivas e infrutuosas sobre cursos e mais cursos sobre nada que me diga respeito, e que jamais terei dinheiro para pagar.
Porque estou tão vazia que nesta deriva sem fim sinto-me em branco, pronta a ser preenchida com tudo o que de novo há - quem sabe o quê?
Pendurei mais pássaros na parede, e nem isso me fez voar. Dobrei origamis e nem isso me fez encolher este aperto. Pinto copiosamente as unhas com aquele preto carregado de purpurinas e nem assim…
Não sei se gosto deste eu opaco, sem brilho e cada vez mais pequenino que só se anima perante dias de casa cheia, dias em que está menos isolado e mais esquecido do conteúdo problemático da sua cabeça.
Estou perdida nas confusões dos outros, nos problemas dos outros e sem saídas para mim. Não sei qual o próximo passo a tomar- e com este tempo de espera sou capaz de me esquecer de como se anda.
Tenho perdido amigos, ou conhecidos, apagado mensagens e memórias, despejado bolsos e riscado repetidamente textos.
Tenho procurado novas bandas sonoras - baladas silenciosas, batidas ensurdecedoras de dores alheias.
Tornei-me a maior colecionadora de imagens da internet e uma as mais informadas pessoas do panorama atual...
E não vejo a tal luz ao fundo do túnel, por que, verdade seja dita, não sei onde raio se meteu o túnel. Ando em voltas, circuitos redondos que me deixam zonza e enjoada. Não vejo nada - oiço vozes dispersas que jamais chamam o meu nome.
E é dolorosa esta minha sede de mais, sem nada ter, esta minha febre de querer e não saber o quê, nem onde, nem quando...
Mas, se é como dizem estou no caminho certo. Se temos de nos perder para nos encontrarmos estou a lá chegar: já me perdi, só me falta encontrar.
Texto escrito ontem - hoje já me encontrei mais um bocadinho.
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