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De todas as fases do luto, ainda não entrei na primeira: a aceitação.
Hoje fui a um supermercadinho pequeno aqui perto de casa. Não me lembrava dele, mas o senhor da caixa sorriu-me mal entrei.
Depois, na hora de pagar, chamou-me pelo nome. Não me chamou Vendaval, chamou-me pelo meu próprio nome.
Senti-me uma ave rara, exporta numa montra. O meu nome soa mal nos lábios dos outros. Li no meu diário que a pessoa que melhor dizia o meu nome eras tu, fazias-lhe justiça, a tua diferença fazia dele especial – ou pelo menos eu achava que sim…
Agora não faz sentido…
Não estás aqui, a minha memória não volta – não faz sentido… Não és humano – que sentido faz isso??
Nem eu faço sentido…
Notícia aqui
Em cada folfada de ar que respiro, fazes-me falta.
A Ca. foi maltratada por um cliente. Assim, do nada, um homem pô-la abaixo do cão, fê-la sentir-se menos do que os sacos plásticos que abrimos ao milhares, todos os dias.
O mais estranho é que já nem achamos isto nada de novo - é normal sermos mal tratadas ora aqui, ora acolá.
"Hoje atendi um tipo mesmo estúpido". O que varia é apenas o grau de estupidez do tipo, e pouco mais.
São muitas as vezes, em que um pai, de mão dada com a sua criancinha, pontando na nossa direção, diz: "Vês filho, se não estudares vens para aqui".
Esta situação até tinha graça, se não fosse a coisa mais pateta e anormal que já ouvi(mos).
Eu costumo rir. A Ca. chorou. Tem menos experiência, falta-lhe o calo e o sorriso falso. Para lá vai, para lá fomos todas.
Há pessoas que nos preenchem os espaços livres e nos adornam o coração com flores de primavera e promessas de renascimento.
Outros ocupam os nossos espaços vazios, os nossos silêncios, os pedaços arejados desta casa que nos pertence.
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