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A C. é uma das melhores pessoas que conheci nos últimos tempos. Com um ar angelical, não tem noção de como é bonita, de como é suave e de como tem uma presença agradável.
Educadora de infância, depois de ter tentado de todas as formas exercer a sua profissão, acabou num supermercado. Por entre 6 contratos de curto prazo, lá casou e nasceu a L. – a menina mais fofa deste mundo e dos outros.
A C. foi uma das minhas “mentoras”. Ensinou-me o que sabia e os truques necessários para se sobreviver na selva mercantil que é um supermercado.
Todos os dias lhe pergunto pela L., todos os dias me conta uma aventura nova da pequenita.
Sei que ela passa dificuldades, que o dinheiro não abunda. Sei que o marido está desempregado, sei que a L. teve de sair do infantário e sei quando ficou doente e como recuperou.
Sei porque, quando posso, escolho sempre a caixa mais próxima da dela – desenvolvemos a capacidade de falarmos uma com a outra, com os clientes e ao telefone ao mesmo tempo que trabalhamos.
Um dia destes, numa tarde normal, ela disse-me que se ia embora, que ia emigrar. Eu, de raciocino lento, continuei a trabalhar, ignorando a conversa. Suponho que na altura não estivesse a processar bem a informação.
Dois minutos depois, virei-me para trás, deixando a mão trabalhar automaticamente, e, ela repetiu “Vamos para NY”.
Sem pensar, respondi apenas “Vou contigo”.
E ela, nada surpreendida, disse-me, no seu tom habitual, “Dou-te o que me dão a mim: casa e comida”.
Depois, nas horas seguintes, contou-me os pormenores da viagem, de como o marido ia na frente, ter com um irmão, emigrante há mais de 20 anos.
Empregada de supermercado por empregada de supermercado, em NY estou mais próxima do sonho…
E, ando a pensar nisto... mesmo à séria....
Fotos daqui
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