Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Cortei o cabelo e durmo de janela aberta.
Esta podia se a introdução de qualquer outra vida que não a minha. Acontece que o destino quis que esta me pertencesse.
Mudei - esta é a verdade nua, crua e assustadora.
Às vezes (ainda) não me reconheço. Não me acho no espelho ou nas sombras da parede. Não me vejo nas fotografias nem nos adjetivos.
Encontro-me, antes, cá dentro - ardendo, com sede, com fome. Ou, então, calada e pequena, amedrontada pela falta de cabelo e pelos ladrões que podem entrar-me pela janela aberta.
Tenho medo de me perder neste labirinto espelhado e sinuoso que sou. Medo de me levar de mim, de me esconder atrás de cabelos longos e janelas fechadas. Mas, também já houve um tempo em que não pintava as unhas, nem pintava os olhos. Houve tempos de tela branca, e de tela negra.
Às vezes tenho medo. E, depois, lembro-me que deixei de ter medo quando, de cabelo curto, abri a janela e adormeci.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.