Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ela qué-lo ali. Perto dela, dentro dela. Nela.
Nunca lhe bastaram anúncios e promessas. Pregões de felicidade. Ela quer tudo para ontem.
Chega sempre atrasada. Mas, por ele apronta-se cedo, mesmo que isso, nela, seja contranatura.
Por ele deixou o cabelo crescer -e só ela sabe o quanto desfrutava a liberdade quando tinha aqueles fios pequenos e revoltos.
Ela contradiz-se nele, erra por ele, sobre ele. Por aquela esperança vã de amor para a vida.
Mas, ele –alheio aquela devoção- teima em escorrer-lhe, furtivo por entre os dedos, para fora do coração.
Ela agarra-o. Ata-o com um fio inseguro a ela, à sua cintura. Põe-no no bolso, guarda-o como recordação.
Porque ela sabe que, no fim de um dia, é só isso que ele é – recordação. Recordação de nada que podia ser tudo, de tudo que nada foi.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.