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Disseste-o mil vezes e eu só o ouvi quanto te calaste.
- O que é que preocupa? – perguntou ele com um tom de voz mais alto do que o costume, tentando desperta-la.
Se vou lá chegar. Descobrir onde quero chegar. E se eu não quiser ir? Que o amor pare. Que o mar depereça. Não sei onde estão as meias de lã. Ser mais uma promessa que uma realidade. Pensar a mais, viver de menos. Morrer sem saber se me amas. Saíres sem eu dizer que te amo. Se o governo cai. Se o emprego dura. Perder-me. Não ver a saída. Perder os óculos. Que se deixem de fazer bolas de Berlim com creme. De estar a perder tempo. De chegar atrasada. De ter medo de me preocupar com o que os outros possam pensar. De ser como os outros. Que haja transito amanhã. Deixar de gostar de luz. E se eu me tornar essas pessoas com medo? E se eu estiver a desperdiçar-me. Que um ano seja muito tempo para se perder. Que aches que estou a perder tempo. Que eu perca a paciência. Que a beleza me deixe os olhos. Que veja a realidade. Que me esqueça. Que o jantar não esteja bom…
- Preocupa-me que chova amanhã - disse sem descolar os olhos das nuvens cinzentas que se aproximavam.
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