Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Chamaram-lhe Josefina e ela nunca soube o que fazer com esse nome. Não sabia se o vestia, ou se arranjava forma de se ver livre das suas ardilosas teias.
Achava-o pesado, frio e velho, sendo que ela sempre quisera ser leve, morna e jovem.
De todas as vezes que se tentara moldar a ele nunca o envergava com a postura que achava correta e carregava-o como se fosse um peso para a vida.
Em criança era-lhe difícil pronuncia-lo, e ao crescer era cada vez mais difícil gostar dele.
Um dia chamavam-lhe Joey, mas ela nunca fora o tipo de pessoa a quem os estrangeirismos e as modernices caíssem bem.
Às vezes, no ímpeto da vontade e no limiar da impaciência, tinha vontade de se anunciar com outro nome e nem as palavras da mãe, que sempre a amainavam, tinham sucesso no despontar do amor da primogénita pelo nome que a Progenitora tanto amava.
Josefina perguntava-se amiúde porque não podia ser Maria. Podia vir a ser Micas, mas, por ora era bem melhor que ser a velha Josefina. Ou então, podia ser Joana, como conhecia umas vinte.
Demorou uma vida a perceber o porquê de carregar o nome como um peso.
Mas, um dia percebeu: não era ela que tinha de ter nome, era o nome que tinha de a ter a ela. Ela não era um nome, o nome era ela. Josefina.
E se lhe partirem o telhado de vidro, como é que ela sobrevive?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.