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Ela gosta de deixar o frio toldar-lhe os ossos. Gosta de se deixar gelar.
Gosta de se deixar ficar na cama, fria e triste, chorando, sem lágrimas, coisas que ela nem sabe que perdeu.
Gosta de, às vezes à noite, se deixar morrer no meio daqueles lençóis de desgraça, para depois renascer.
Oh, não há nada melhor do que renascer numa manhã de inverno.
Não lhe imponham limites ao pensamento. Não lhe tirem o lápis e a voz.
Tirariam o sol a uma planta, ou a mãe a um filho? Não lhe tirem a liberdade - ela morre.
Tocava-lhe o coração leve como pena, leve como beijo no rosto em manhã de chuva.
Tocava-lhe. Sentia-a debaixo dos dedos movidos a saudade e vontade de lhe decorar todos os recantos, todas as linhas e entrelinhas.
Queria grava-la nas impressões digitais, ser dela e não ele - o nós sempre lhe soara tão melhor.
Tocava-lhe como quem toca uma ausência, com a ânsia de quem tem medo de perder. Gostava ele de a sabe de cor antes dela, composta a sonhos e areia movediça, acordasse, e de olhos ensonados lhe dissesse "bom dia".
O novo dia levava-a sempre para ela, longe dele - mesmo que o dia fosse bom dia.
Então, antes da manhã raiar, tocava-lhe a pele suave, devagar, como quem sussurra um "amo-te" em silêncio.
Todos os ódios quem mandamos para o universo, transformam-se em energia negativa que anda à deriva. Mais dia, menos dia, essas forças malucas que controlam esta máquina toda, reenviam-na de volta a nós. Tudo o que faz ricochete volta para trás. Isto parece um bruxedo hippie mal escrito, mas é a mais pura das verdades. Poupem-se de mesquinhezes e sejam felizes – mesmo, vale a pena.
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