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Acho sempre que estou um passo mais perto. A menos um centímetro de lá chegar.
Quase, quase, lá. Costumo sorrir perante a ideia de estar menos longe.
Depois, quando a calmaria se instala e me sento à minha sombra, deixo de pensar que estou perto e penso que ainda não lá cheguei.
Que ainda tenho muitos quilómetros a percorrer.
Por fim, e quando as mãos me tremem, percebo que não sei para onde ir e que ainda caminho sem destino, rumo ao desconhecido.
Suspiro e não me acalmo. Suponho que é por isto que nunca me acalmo.
Rasguei a pele na esperança que me sangrassem as dores e me coagulasse a esperança.
Às vezes deixo a mão repousar sobre o peito, numa esperança vã, de sincronizar a minha respiração acelerada com o bater fraco do coração.
Fecho os olhos e conto até três. Ou quatro. Ou cinco mil. E procuro que a respiração acalme, enquanto tento encontrar o coração.
A respiração acelera e o coração continua perdido.
Sinto tanta coisa debaixo da pele do peito que, às vezes, só encontro vazio.
Vazio e sem coração. Vazia e sem coração, por momentos, eu.
(Joy Williams)
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