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2014 não foi o melhor ano de sempre. Não foi mau. Mas, não sei se foi muito bom.
2014 foi difícil. Muito difícil. Uma obra-prima cheia de cantos e recantos, muros e vedações.
Em 2014 aprendi que difícil é bom, porque nos faz ser melhores. Nos faz querer ser melhores. E, não há nada que seja impossível quando a vontade é ser melhor.
Em 2014 voltei a perder. Voltamos a perder. Família, amigos, emprego.
A morte leva-nos sempre alguém, quando crescemos. Ou, talvez estejamos mais atentos a ela, à medida que os anos passam. Depois, a vida, as horas, e os dias, levam-nos outras pessoas. 2014 mostrou-me que há muitos tipos de adeus. E até já.
Perdoei, este ano, quem achei que não seria capaz de o fazer, só, para depois perceber que voltei a perder.
2014 deixa-me mais dura. Mais precipitada, mais nervosa, mais destemida.
Também me deixa mais despida, mais vazia, mais ampla e amolgada. Mas, deixa-me mais leve (não só em peso), mais verdade, mais eu.
2014 pôs-me a correr. Fez-me vestir leggins e esquecer o frio e a preguiça. Deixou-me sem leite e sem chocolates e fritos e gelados. Mas, fez-me concentrar no importante. Fez-me escolher.
2014 fez-me enfrentar medos, hospitais e fantasmas. Deu-me saudades, buracos e mágoas. Mas, também, boas memórias, missões compridas e objetivos.
Em 2014 voltei a para de ler, a ler muito e a estagnar. Voltei a ter medo de escrever: aquela velha batalha na procura da minha voz, das palavras que quero que me oiçam. Em 2014 criei um negócio de amor e criei uma nova história de desamor e de um cão obeso.
Perdi o emprego, procurei um novo e senti-me só. Em 2014 senti-me amada e perdida. Percebida e enganada. Prendi na garganta as facas com que queria ferir. Quis, por muitas vezes, pagar na mesma moeda. Respirei fundo.
Falei alto, ri e chorei. Cantei a plenos pulmões, corri muito, andei mais ainda. Fui à cidade e ao mar. Deixei-me ir. Escrevi postais qe voaram para longe. A Kelly teve uma bébe e eu fui tia babada.
Este foi um ano de estremos. De muito e pouco. De tudo e nada. Um ano de hospitais, internamentos, viagens de carro com música alta, de pinturas e trabalhos manuais.
Em 2014 reinventei-me. Tentei ser sempre melhor do que ontem e dormi sempre de consciência tranquila (, estômago em brasa e costelas doridas).
2014 foi o ano em que tirei mais fotografias, o ano em que me apaixonei pelo céu, pelo por do sol, pelas cores, flores e pássaros. Em 2014 os meus olhos procuraram sempre mais.
2014 foi também o ano em que vi a Beyoncé e o Jay-Z e muito pouco pode bater isso. Isso e perder-me um campo de girassóis no meio do nada.
Que 2015 me faça destemida, amada e mais louca. Que me dê espaço e me aperte. Que construa e não me desfaça em pedaços, que me ocupe por inteiro. Que, 2015 me dê pessoas, e histórias e letras e não me deixe órfã dos que amo.
Que 2015 vos traga tudo o que anseiam - mesmo sem saberem, que vos faça felizes, e, se não fizer, que procurem essa felicidade até a encontrarem. Quanto a nós, encontramos-nos sempre por cá.
Entra, 2015, sê bem-vindo.
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