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A minha mãe costuma usar a expressão “estou com uma camada de nervos” para definir aqueles momentos em que está tão nervosa e chateada que só lhe apetece apertar uns quantos pescoços. Sempre que penso nesta frase imagino-a de dentes cerrados e olhos fechados. Chateada. Muito chateada.
Ontem no trabalho tive tantos dramas (pessoal, e aqueles lengalenga de se ser melhor pessoa no ano novo?), que eu era nervos com uma camada de carne e humanidade – assim uma coisa tênue mergulhada num mar de dentes cerrados.
Ora bolas, 2014 ainda nem assentou os pés em terra e já deixa o povo mal humorado!
As palavras ardem e queimam-lhe a lingua. Quando as disse queimaram-no a ele.
Um dia, deram-lhe uma âncora, e ela, com medo de se perder pô-la no peito. Ancorou-se ao coração.
Mas, os corações, órgãos finos e frágeis, não são lugar para se prender algo tão duro e forte.
Todos os dias ela deixa um rasto de sangue e carne por onde passa. Pedaços dela, perdidos, dor lançada ao vento.
Todos os dias, presa nela, ela perde-se mais um bocadinho - dela, nela. Todos os dias ela deixa-se morrer. Todos os dias ela morre, aos olhos de quer a quer ver - morrer.
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