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Uma das primeiras noticias que escrevi quando estava em estágio, há precisamente dois anos, foi sobre abuso sexual a menores. Duas meninas abusadas pelo avô, num meio pequeno, não muito longe do local onde vivo.
Foi um furo noticioso conseguido quase como por acaso e mal a informação me caiu em “mãos” tive noção que estava a tocar em vidro. Ninguém me disse para ter cuidado, para lidar com a informação com seriedade, mas, não era preciso pedir – eu sabia.
Há assuntos difíceis, que custam, que doem. Mas, temos de manter a cabeça fria, trabalhar e, acima de tudo, respeitar.
Não vou mentir e dizer que não entrei fundo no caso – entrei. Soube nomes, moradas e números de telefone. Não vou dizer que não fui chata e não meti o dedo na ferida – fi-lo, mas sempre sabendo que os terrenos eram movediços.
Respeitar os envolvidos de todas as notícias que estamos a trabalhar é importante, e nem por isso limitante – respeito não é falta de liberdade, muito pelo contrário.
Eu era estagiária. Quase jornalista. Ainda estudava. Pergunto-me se as regras hoje mudaram. Se não devemos respeito a quem as histórias doem. Pergunto-me, depois de ver um homem ser enterrado em direto na televisão, enquanto uma família chorava, quando é que as regras e bom senso do jornalismo se perderam.
Morte e mediatismo nunca deviam ser conjugados na mesma frase (quanto mais na mesma realidade).
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