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Deita a cabeça no meu regaço. Adormece.
Deixa que a paz que, em dias bons, me imana dos dedos, te entrar na pele.
Anda. Senta-te aqi. Deixa para trás este coração que tanto dominas. Senta-te aqui, a meu lado, não dentro de mim.
Deixa-me contar-te de mim, que de mim não sabes.
Vem. Vem que te faço tua, e de ti meu. E de nós um. Só um.
Fiz-te uma lista, num papel longo, branco.
Escrevi-te com letra apressada, desejosa, feia. Com hálito a café e frio.
Espero que me entendas por entre esses borrões de tinta. Espero que me leias quando te digo que te quero aqui para ontem, desde sempre.
Quando te peço, com rabiscos desordenados, que te apresses e que não mais tardes.
E, no fundo, desde poço a que chamaram coração, espero que me faças a vontade que venhas. Venham para mim. Para dentro de mim. Finalmente. Para sempre até ao fim.
- Tens frio? - perguntou ele ao saírem do carro.
Tenho. Tanto frio. Este gelo que sinto no peito é do tempo, ou sou eu? Esquece a pergunta. Só faço perguntas estúpidas. E tu, o que é que me tinhas perguntado? Ah! já sei, o frio! Sim. Tenho frio. Seria agradável que pusesses o teu braço sob os meu ombros. Ou então, que despisses o casaco e mo desses, como nos filmes. Tenho o peito gelado. E os pés. E as mãos... Mas, o meu coração ainda bate – no frio.
Já te disse que os teus olhos ficam mais bonitos a esta altura do dia? Será da luz? Acho que os teus olhos ficam bonitos a qualquer altura do dia... E os meus? Que tal te parecem?
Esquece a pergunta. Só faço perguntas estúpidas. E tu, o que é que me tinhas perguntado? Ah! já sei, o frio!
- Mais ou menos - mentiu. - Acho que ontem estava mais frio.
E, então, sentes-lhe o bater e sabes que tens uma bomba relógio ao peito.
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