Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Há naqueles olhos uma centelha de esperança.
Sempre soube que chegaria o dia em que tinha de montar o triângulo do carro, e pô-lo a uns metros da traseira da viatura que ia a conduzir.
E, sabia, que um dia ia ser "salva" por um grupo de pessoal a chegar à terceira idade. E, sabia que iam pôr-me o carro a andar novamente.
Aconteceu tudo hoje, quando saí do trabalho.
Nela tudo é paradoxal. Volátil.
Gostava tanto daquela música, mas, um dia, ao ouvi-la no carro sentiu-se despida por detrás do volante.
Então deixou de a ouvir. Gostava dela em silêncio, cantando-a na cabeça, ainda com o mesmo gosto.
Aconteceu o mesmo com ele. Amava-o (de) mais, mas, ele fazia-a sentir-se pequena. Sempre tão estupidamente pequena. Então nunca mais o amou. Em voz alta. Ama-o, às vezes, em dias de fraqueza, de boca fechada e coração batendo descompassado. Mas, depois, na manhã seguinte, ela sacode-o dela, e é grande. Grande outra vez.
Se nessa mesma rua houvesse caras novas das que velhas vi ontem.
Há muitas palavras no dicionário. Tantas que jamais temos tempo de as viver a todas. Mas, há dias, que se destinam à perceção real de uma ou outra palavra. Sacrifício.
Hoje foi o dia dele. De o perceber, de o sentir na pele.
Trabalhei 8:30h, depois de uma noite sem dormir; um a noite que passei a vomitar. Uma noite em que o meu estômago - preguiçoso, se cansou e que a digestão me parou.
Mas, tinha de ir trabalhar. Tinha essa responsabilidade. E, fui. De todas as vezes que atendi um cliente achei que fosse o último. Mas, lá bebicava uma água. Uma tontura ou outra. Ou sorriso mais forçado. Um cliente mais maluco.
Há muitas palavras no dicionário. Tantas que jamais temos tempo de as viver a todas. Hoje estive bem mais próxima do significado de uma delas. Sacrifício. Hoje vi o sacrifício mais de perto.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.