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Perturbava-a o modo sereno como os outros viam as coisas. Os olhos limpos o pensamento simples.
A assertividade e a paz interior dos que a rodeavam deixavam-na desconfortável. Era como se não partilhassem mundo, ela e eles, ela e os outros.
Era como se ela estivesse a ser varrida por uma tempestade e eles, nunca de tal ouvissem falar. Tremiam-lhe as mãos. Sentia um calor vindo de nenhures ferver-lhe as faces sempre rosadas. Embrulhado tinha o estômago, do mesmo embrulho disforme padecia a mente.
Tinha uma vida calma, mas vivia em alvoroço. Ela era a confusão que fazia o seu mundo tremer. Ela. Sempre fora. Ela. Eu.
Ás vezes, por via das dúvidas, olhava de relance, uma e outra vez, para aquele reflexo no espelho. Queria ter a certeza que os olhos lhe brilhavam tanto quanto os sentia brilhar.
Não se pode dizer muito sobre o concerto de ontem. Não há palavras. Essa frase cliché que tão bem veste a noite de ontem. Mas, não há palavras. Mesmo.
Há concertos assim: memoráveis. Com tudo, com tudo certo, com tudo especial. Ontem foi assim.
A Beyoncé é LINDA, dança inacreditavelmente BEM, tem uma voz maravilhosa, em tudo igual ao que vemos na televisão. Uma verdadeira DIVA. O Jay-Z é bem bonito, alto que se farta, com boa voz e uma grande energia.
Toda a noite foi um grande espetáculo (tão grande que me esqueci que acordei ás seis da manha. que estive mais de oito horas na fila e que estava ensampada, da cabeça aos pés (especialmente nos pés, que nem agora os sinto)); a Beyoncé chorou, emocionou-se e foi perfeita.
O público foi fantástico. Eu cantei e gritei tanto que pensei que ia cuspir os pulmões, fiz nodoas negras que nunca mais acabam, conheci um grupo de madeirenses supeeeeeeer simpáticos (se me leem, desculpem não saber o vosso nome!!), AMEI cada segundo do concerto e estou estupidamente feliz.
Há grandes momentos que marcam a vida das pessoas para sempre. Um desses momentos memoráveis da vida é aquele primeiro concerto. Aquele que vamos sem os pais, aquele em que vamos ver quem realmente gostamos, ali, ao vivo e a cores, aquele em que ficamos doridos e sem voz pelo menos uma semana e achamos que valeu tudo e a pena. E valeu. E vamos sempre falar desse dia com um sorriso parvo na cara e uns olhos brilhantes. O meu foi com os Keane, num festival, e será sempre um dos melhores concertos a que já fui.
Ontem foi a vez da minha irmã. O seu primeiro concerto à séria. Acho que nunca vi ninguém tão feliz, com uma felicidade tão palpável, com uns olhos tão brilhantes sob as luzes escuras.
Sempre soube que música era sinónimo de felicidade. Ontem foi só mais uma prova.
Pois, meus caros, não sei.
Sei que tenho de ir trabalhar e estou toda dorida e com sono e sem voz. Mas, isso nem me importa nada.
O que importa é que hoje não há outro concerto para eu ir, e que, já estou cheia de saudades dela. Dela e do Jay-Z, por quem, ontem, me apaixonei sem querer.
Saudades. Foi isso que a Beyoncé (já) me deixou. Saudades.
(Mais logo prometo post equilibrado, com (mais) fotos e relato. Mais logo. Dêe-me tempo para realinhar a minha vida...)
Escrevo-vos com mãos tremo-lhas. Não sei bem porquê, se da excitação, se das dores de cabeça que hoje tomaram conta de mim.
Escrevo-vos este post sorridente. E um bocadinho nervosa (sou PÉSSIMA COM COMBOIOS E AMANHÃ NÃO HÁ MARGEM PARA ERRO!)
Vou levantar-me cedo, bem antes das galinhas, e cedo vou chegar a Lisboa. Ao que parece vai chover (não pode que quero levar a minha mochila nova e ela é de pano!).
Decerto estará frio e a tarde vai ser uma seca (molhada!).
Mas, é a Beyoncé. A Beyoncé. Pronto já se me tremem as mãos outra vez. É melhor ir dormir (se conseguir...).
Aquela onda elétrica que lhe atravessa o corpo como um raio só pode ser felicidade.
Este ano ainda não li um único livro. O ano passado li menos livros, muito menos do que antes. Porém, continuei a comprar livros como se andasse a ler a um ritmo normal.
Tenho a estante cheia e vazia ando de vontade de os ler. Ando cheia de curiosidade, mas, nada mais. Não tenho aquele impulso. Aquele vontade de antes…
Acho que secretamente associo a leitura à escrita. De todas s vezes que evito a escrita evito a leitura. Não o faço de forma totalmente consciente, mas tenho leve consciência do processo.
A escrita assusta-me. Muito. E, de todas as vezes que tento vesti-la por completo, sinto, em algum momento, que não estou a fazer as coisas como devo. Vai daí ignoro os projetos que tenho em mãos. Nascem-me ideias, mas teço umas linhas insossas.
Deixei de ler, porque quando leio tenho de escrever. E escrever assusta-me. Escrever a sério, em capítulos, em linhas longas…
Acho que ter mais de uma dezena de maravilhosos livros à espera não aceitável. Vou procurar um analgésico qualquer no fundo de uma mala (ou será melhor um calmante?), respirar fundo, começar um livro (ou retomar uma das muitas leituras que deixei a meio o ano passado). Está na altura de ser uma mulherzinha e escrever. A sério. De uma vez por todas.
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