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Lembro-me de ser tarde.
Mas, depois, estupidamente, olhei-o nos olhos, e o tempo deixou de ser relevante.
É cedo, pensei. Era difícil pensar quando todo o conteúdo do meu cérebro era gelatinoso, fugidio.
Vi-o dar um passo em frente - aquele derradeiro passo que teimava em manter-nos afastados. Os seus, braços longos e gelados, rodearam-me a cintura e senti-me pequena.
Nuno respirou fundo. Tinha os olhos num tom claro de verde. Nunca os tinha visto assim., ou, talvez, nunca o tivesse visto de tão perto. Nos seus lábios formou-se um sorriso.
Sorri também. Ali, naquele ninho que ele formara em meu redor, não precisava de ser forte. Podia ser frágil. E, talvez, de quando em vez, devesse ser assim - frágil.
Nuno aproximou-se mais de mim, e, esqueci todas as minhas conjeturas quando uniu os seus lábios aos meus. Outra vez. Pela primeira vez sem arrependimento.
Todos os anos, no mesmo dia, este blog não se vai atualizar. Porque, independentemente de tudo o que tenha a dizer, nesse dia, não poderei dizer nada. Não posso, nem quero dizer nada.
A saudade é prima do silêncio. Talvez, às vezes, precise de as deixar tomar conta do que me faz falta.
Esse dia foi ontem. Ontem foi dia de deixar a falta calar-me. Desprender-me da voz e pensar, e sentir falta. A falta que tenho todos os dias.
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