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Nessa estação de caminho-de-ferro que temos ao peito há sempre quem apanhe o próximo comboio rumo ao desconhecido. Outros porém, deixam-se ficar pelos bancos frios e sujos, escritos a tinta gasta pelo tempo e pelos amores, a dormitar.
E nós, donos dessa garagem de maquinaria movida ora a carvão, ora à velocidade a da luz, pouco argumentamos sobre quem entra e sai dessa estação a quem chamaram coração.
Atrasamos destinos para ficarmos pertinho de quem nos dá a mão nas noites escuras, em que, sem remédio, perdemos o comboio. Outras vezes, porém, queremos que chegue rápido o próximo apeadeiro para vermos sair aqueles que, um dia nos juram companhia, mas que apenas respiraram o ar poluído da nossa estação.
Mas, o que mais nos dói é ver os que amamos partir. Ver, aqueles que juram esperar, connosco, por aquele comboio que nos levaria juntos a uma paragem qualquer. Ou então que nos levaria separados, cada um a seu tempo, com tempo, nesse tempo onde, no final da viagem, nos encontraríamos no ponto de chegada. Esses levam-nos o coração, e molham-nos a estação com lágrimas que não queremos chorar. Esses cortam-nos o corpo, ao mesmo tempo que nos dilaceram a alma, deixando uma sombra de mágoa e dor onde antes havia amor. Amor. Amor…
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