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Olho para ti. Depois para os pés. Unhas descoloridas. Comos os dias. Dias meus. Longe de ti. Contigo, de mão dada. Não me olhas. Talvez esse jornal tenha desgraças menores que a minha. Talvez essas desgraças alheias te assustem menos. Que a minha. Olho-te de novo. Descolorido. Por detrás dessas páginas altas. Pretas e brancas. Como os dias. Dias em que andas comigo. Perdida nessa mão que me dás. Mão fria.
Olho para ti. Não me olhas. Nunca me olhas. Talvez a minha desgraça te assuste. Essa desgraça que gostar de dar a mão e fingir que não existe.
Olho para os pés. Unhas sem cor. Como sem cor andam os meus dias. Observo as cortinas balançarem com a brisa. Penso em pintar as unhas de azul. Azul céu. Céu que foi nosso. Nosso quando dávamos as mãos. E me sentias. Já não me sentes.
Olho-te de novo. Olhas as cortinas. Segues os meus olhos. Olho para ti. Vejo-te. Nunca me vês. Vê-me? Vês-me? Hoje? Amanhã, talvez. Me olhes.
Escreve a mágoa na página. Não tinta, mágoa. Mágoa que carrega todas as dores que lhe doem, mágoa na página.
Porque o amor é uma gaiola e ela o pássaro.
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