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Talvez devesse cortar o mal pela raiz. Acabar com ele.
Mas, o mal é a prova tóxica de um passado feliz. Ou de dias doces que ela pensava serem felizes. Já não sabe.
Talvez o passado já fosse flor morta com raiz contaminada e só agora se fizessem sentir os seus efeitos nocivos.
Talvez... Já não sabe.
Circulo em votas em redor desse círculo que se fecha. Cada vez mais. Cada vez mais…
Tirei um tempo para viver. Não esperes por mim para jantar.
Olho para ti. Depois para os pés. Unhas descoloridas. Comos os dias. Dias meus. Longe de ti. Contigo, de mão dada. Não me olhas. Talvez esse jornal tenha desgraças menores que a minha. Talvez essas desgraças alheias te assustem menos. Que a minha. Olho-te de novo. Descolorido. Por detrás dessas páginas altas. Pretas e brancas. Como os dias. Dias em que andas comigo. Perdida nessa mão que me dás. Mão fria.
Olho para ti. Não me olhas. Nunca me olhas. Talvez a minha desgraça te assuste. Essa desgraça que gostar de dar a mão e fingir que não existe.
Olho para os pés. Unhas sem cor. Como sem cor andam os meus dias. Observo as cortinas balançarem com a brisa. Penso em pintar as unhas de azul. Azul céu. Céu que foi nosso. Nosso quando dávamos as mãos. E me sentias. Já não me sentes.
Olho-te de novo. Olhas as cortinas. Segues os meus olhos. Olho para ti. Vejo-te. Nunca me vês. Vê-me? Vês-me? Hoje? Amanhã, talvez. Me olhes.
Escreve a mágoa na página. Não tinta, mágoa. Mágoa que carrega todas as dores que lhe doem, mágoa na página.
Porque o amor é uma gaiola e ela o pássaro.
Gostava de ter memória curta e pavio longo. Ou então ter um coração mais pequeno, sem poços e masmorras. Um coração de mármore branca, brilhante e sem defeitos.
Gostava de apagar as memórias que fazem o coração sofrer. Porque não me quero lembrar. Nem sofrer.
Mas, lembro e sofro. E doí. E penso muito na dor. E faz doer mais.
Este é um ciclo vicioso. Uma guerra sem fim entre o coração e a cabeça. O meu coração e a minha cabeça.
Ela só queria um amor que lhe acendesse os olhos verdes. Alguém que mandasse ladrilhar aqueles dois berlindes verdes mágoa. Alguém que fizesse a mágoa fogo. E o fogo calor. Alguém. Um amor.
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