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O café arrefeceu. O tempo também. Fecha a janela, expulsando o frio que tomara conta da casa. Da chávena. Do corpo.
Deu por si na espera incessante que ela lhe dissesse que o esqueceu. Como se o facto de ela tomar consciência que o esquecera lhe pudesse mudar a vida. Talvez a deixasse menos vagarosa. Talvez deixasse o sabor de final.
Muda a caneca de mão. Há muito que já não bebe um café morno como as manhãs que um dia partilharam.
Ela, sentada perto da janela, fuma outro cigarro. Espera que entre tragadas de fumo o esqueça. Que ele se vá entre um e outro, entre este fumo, ou o outro.
Imagina-o a beber um café de janela aberta. Talvez esteja descalço como ela. Talvez esteja acompanhado. Quem lhe dera saber. Se ele estivesse acompanhado talvez ela o pudesse esquecer mais depressa forçada por um ódio momentâneo por quem a substituira.
Termina outro cigarro. Não acha que o vá esquecer no próximo. Nem no próximo maço. Talvez precise de um tempo de tabagismo intensivo para forçar aquela cabeça a esquecer quem tão depressa lá se fixara. Ou talvez o problema fosse o coração.
Acendeu outro cigarro. Ainda havia esperança de confundir o coração com aquele.
Ele, aqueceu o café no micro-ondas. Outra vez. Naquela manha queria-o quente, queria-se quente enquanto não a esquecia.
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