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O telefone acordou no seu bolso. O tilintar rabugento do som do toque de mensagem ressoou pela sala quase vazia. Ele suspirou. Precisava de móveis. De paciência e vontade para os comprar. Mas, mais urgente era trocar aquele estúpido toque do telemóvel.
Levou a mão ao bolso e pegou no leve e frio pedaço de metal.
Era ela.
Enquanto se preocupava em se manter impávido e sereno abriu a mensagem.
'Estás feliz?", podia ler-se no ecrã do telemóvel.
Sentiu-se agredido. Doí-lhe a face, no local exato onde sentira aquele estalo que não existiu.
Ela sabia. Claro que ela sabia. Ela sempre sabia. Sempre. E, ele não estava a ser propriamente cuidadoso e reservado. Ela sempre fora assim. Não ele.
- Sim - digitou - Ela é muito diferente de ti.
Não tencionava ser rude. Embora sentisse que o estava a ser. Só queria ser sincero. Era tarde demais para pensar. Já enviara a resposta.
Ela não esperava por uma resposta tão rápida. Ou talvez nem esperasse resposta, uma vez que não sabia bem o motivo para enviar aquela sms. Tinha eliminado o número dele do telemóvel para se impedir de o fazer. Mas, apaga-lo do telemóvel não fazia que já não o soubesse de cor.
Talvez só precisasse de saber. Saber dele por ele.
Leu a mensagem. Uma vez. Outra vez. Mais outra. Tinha frio.
Sentiu-se magoada com a resposta. Mas, poderia ele estar com alguém semelhante a ela? Era óbvio que tinha que ser diferente. Só esperava que o amassem na mesma quantidade, de forma diferente. Da forma certa. Não se importava de quem ele escolheria para o amar. Desde que fosse competente nessa tarefa.
Queria responder-lhe. Suspirou.
Poisou no telefone no chão a seu lado.
Deixou a resposta afundar-se no peito juntamente com o amor que ainda lhe tinha. Silêncio.
Silêncio. Ela não respondeu. Era melhor assim. Não era?
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