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Há uns meses escrevi aqui um post sobre o perdão. Sobre o facto de me sentir sempre permeável a ele, de o perdão nos encontrar sempre sem avisar.
No entanto, meses decorridos, acho que mudei um bocadinho de opinião. O perdão só nos apanha porque nos pomos a jeito. Porque estamos de feição. Perdoamos porque, no fundo, queremos perdoar. Estamos prontos para isso.
Quando estamos afastados de uma pessoa de quem gostamos muito tempo, e, quando nesse tempo a amaldiçoamos, quando a voltamos a ver, ficamos em choque. Um murro no estômago, um momento agridoce. Ouvimos explicações mais ou menos completas e aceitamos desculpas, sem estarmos muito convencidos.
Depois entra o perdão. Abrupto, apressado, nada meigo.
Quando a reconciliação não resulta, dói ainda mais. Dói tudo, outra vez. Doses acima do que doía. Sentimos como se o perdão que demos anteriormente não tivesse valido de nada. Sentimos que perdemos tempo, tempo esse que tanto nos dói agora.
Nunca me arrependi de perdoar. Perdoar para mim é muito mais pessoal. Perdoar-me a mim, curar-me a mim, para poder dar-me de novo a quem me magoou. Nunca me acho no direito de perdoar os outros. Cada um tem que se perdoar a si próprio e viver com os seus perdoes e pesos na consciência.
Sempre me deitei de consciência leve. E, ainda o faço, mas agora sei que não pudemos voltar a acender a mesmo fogueira em piso que ainda não secou de dilúvios passados. Como diz uma das minhas músicas favoritas atuais "you can start a fire in the pouring rain", mas sempre podemos tentar. E eu tentei.
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