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Há um dia, em todas as redações falhadas, em que ao olharmos para quem costumávamos amar, e deixamos de o ver como o sol. A sua imagem deixa de ter estar a três dimensões e passa a ser a preto e branco. Plana. Baça.
Sentimos o mundo vazio. Sentimo-nos vazios. Sentimos que tudo perdeu o sentido. Partidos, perdidos.
Às vezes, oh tantas vezes, este é um acontecimento unilateral e, o outro, não se apercebendo de que o amor acabou, continua ali, sem ver o quão esgotados estamos. Olha-nos nos olhos e não vê que estamos gelados.
Não sabemos o que lhe dizer, porque, na realidade, perdemos a vontade de lhe dizer o que quer que seja. Não conseguimos assimilar sequer o facto de que, ainda, há uns meses ele nos ser tudo.
Não lhe temos ódio, nem amor, nem amizade, nem indiferença. Só cansaço. Só desilusão e um espaço vazio onde antes estava o amor que por ele nutríamos. A culpa ocupa-nos os espaços vagos, agora. Atribuímos-lhe culpas. A ele que deixou de nos ver, que deixou de nos querer como queria, que nos largou, sem se dar conta. A culpa, a nossa, por não sabermos alimentar uma relação condenada.
Afastamo-nos. O mundo gira e as semanas passam. A calma, a eterna aliada do tempo, amaina-nos a mente e o coração. O outro segue em frente, sem se dar conta de que ficamos algures para trás, perdidos no enredo de uma relação que terminou sem ele se dar conta.
As coisas mudam. Só que, às vezes, somos os únicos que nos apercebemos das mudanças.
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