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Na semana passada sai de casa sem rumo. Disse que ai aos correios, peguei em dois postais e fui a pé. Não troquei de roupa. Não apanhei o cabelo. Sai. Levei o telemóvel e os headphones.
Andei a passo lento, com dores, mas, nunca parei. Sentia-me estúpida, vazia. Há dias assim, em que os nossos problemas, mesmo que pequenos, parecem demasiado grandes.
Depois de enviar os postais fui ver o mar. Andei cinco quilómetros sem rumo, longe de todos. Às vezes sinto que quando passamos muito tempo dentro de nós, ficamos demasiado cansados da nossa pele e temos que ir procurar alternativas, novas visões de nós mesmos...
Quando achei que era hora de ir para casa, vim pelo caminho mais longo. Seguia por uma rua deserta aquela altura e ouvi "By the grace of god". Foi um momento mais cliché da minha vida. Mas, dei por mim de lágrimas nos olhos. Sozinha. A chorar, numa rua sem ninguém. Sentia-me a chegar a casa – no sentido figurado, embora também o estivesse no literal. Estava encher os espaços vazios, a acalmar de novo. Sete quilómetros depois.
Ontem, nos Grammy, a Katy usou esta música para nos alertar, uma vez mais, para a barbárie que é a violência doméstica.
E, se há tema que me remexe as entranhas é este.
Como os nossos problemas são pequenos. Como levamos murros no estômago, sem nos darmos conta.
No labirinto do seu peito é soldado perdido em guerra vã.
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