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A tua voz magoa-me os silêncios em que me deixo.
Às vezes tenho pena do jornalismo em Portugal (minto, tenho muitas vezes - ok, tenho quase sempre pena do jornalismo em Portugal).
Tenho pena. O jornalismo de Portugal é mauzinho... Andei anos a estudar para saber fazer bom jornalismo, e agora chego cá fora e vejo afinal estudei a coisa de forma errada.
Na maior parte das vezes as coisas são mal apresentadas ao público. Ou, reformulado, as coisas são apresentadas da forma que as tornar mais rentáveis para a publicação ou canal que as apresenta.
O jornalismo pode ser uma atividade estupidamente mal paga, mas também é uma das que move mais dinheiro.
Em Portugal é estupidamente fácil controlar a opinião pública por isto mesmo: temos opiniões em massa, ideias erradas e pensamentos dúbios à conta desse jornalismo de pasquim, a esse sensacionalismo desmedido.
O caso da pilula Yasmin é isso mesmo: uma coisinha muito mal contada, ou, contada de forma o organismo que a difunde quer.
Se acho que é grave? Até pode ser. Se há um erro na produção da pilula, se há ali alguma coisa de errado com as doses dos componentes. Se tem efeitos nocivos mais imediatos do que as suas semelhantes.
Mas, também cada pessoa é uma pessoa. Há gente cujo corpo reage mal a certas substâncias.
Há países que já suspenderam a venda da Yasmin (a França, por exemplo). E, conheço médicos que já não a prescrevem (o que nem faz mal porque as farmácias vendem-na na mesma).
Pode não haver nada de errado com a Yasmin. Ou pode estar tudo errado com a Yasmin.
Alguém tem que analisar o caso com seriedade. Alguém tem que esquecer os benefícios de se ter uma grande farmacêutica do seu lado e estudar. Examinar. (Atrevo-me a dizer que se não estivéssemos a falar de uma grande farmacêutica algumas coisas seriam diferentes).
Claro que todas as mulheres sabem os malefícios, ou possíveis malefícios da pilula. Mas, também não acho muito justo que todas nós nos sintamos, no exagero, no cimo de um penhasco depois de a tomarmos; morro hoje, ou posso morrer amanhã.
Na maior parte das vezes, a pilula é receitada sem a mínima análise da paciente. Há milhentas pilulas. Há milhentas quadridentes de hormonas diferentes em cada uma delas. Existem para poderem responder às necessidades das mulheres. Mas, raramente sabemos se aquela é a certa ou não.
Está na altura de termos mais responsabilidade. Os médicos, as farmacêuticas, as farmácias, e nós, mulheres, acima de tudo.
Dispenso o jornalismo sensacionalista, que quer criar pânico. Quero informação fidedigna. Quero informação que me seja útil. Quero que me digam as informações verdadeiras e comprovadas e não que me deem opiniões que devo seguir. Posso continuar a sonhar, não posso?
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