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Não vou muito à missa. A minha relação com a religião é muito instável e nem sempre me sinto capaz de ir à missa.
Perco a concentração. Dou por mim a querer intervir. A não perceber. A querer saber mais.
Ontem estive numa catedral onde quase trezentos miúdos fizeram o crisma. Acho bonito que tanta gente nova se interesse pela religião, que tenha uma fé mais consistente e serena que a minha (embora saiba que muitos deles vão fazer o que eu fiz - sair da igreja).
No final da cerimónia, o bispo que presidia à celebração, em jeito de conclusão fez um comentário estupidamente homofóbico, dizendo, entre outras coisas, qualquer coisa como "essas coisas esquisitas que ainda aí que querem contrariar a ordem natural dos acontecimentos entre homens e mulheres" enquanto se referia aos movimentos gay e lésbicos.
Pergunto-me muito mais como pessoas de mente livre, do que como cristã pouco convicta, de que serve um comentário deste género dentro de um espaço cheio de jovens. Pensava eu que um padre deveria pregar o amor, a paz, a harmonia. Afinal gostam de dar umas facadinhas a ver se criam tumultos e ideias pouco igualitárias.
Não vou muito à missa, mas, das vezes que fui, nunca ouvi nenhuma leitura bíblica em que qualquer santo excluísse alguém pela sua preferência sexual. Aliás, do que sei, Jesus chegou a dar-se com prostitutas. E, decerto, a ser verdade todas as suas viagens e vivências, é quase certo que se cruzou com algum homossexual. Não tenho conhecimento que o tenha deixado de parte por isso.
Tenho pena que os que têm mais poder dentro das hierarquias ( quase ridículas) da igreja em vez de pegarem o amor, preguem a descriminação.
É triste. E, deve ser por isto que não vou muito à missa.
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