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Nunca tive porra nenhuma. Só porras e essas não dão luxo a ninguém.
Um dia destes comentei que era muito pobre no tempo da universidade. E era. Tinha dinheiro, mas era contado, contado e não dava para esticar. Era pequeno.
Depois, foram os trabalhos da porra. Ganhava mal.
E, agora prometem-me coisas. Nunca tive um trabalho onde me prometessem coisas. Prometem-me sonhos que nem sei se são meus. Prometem-me porras algumas. Muitas.
Também me cobram muitas porras. E não querem que dê muitas porras aos outros.
E, eu, que nunca tive porra nenhuma, sinto-me como todos os outros que nunca a tiveram: siderada com todas as porras que podem ser minhas e que nem sei se quero.
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