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UFA…
2016 foi uma tempestade, seguida de dias amenos. Em que, mais cedo ou mais tarde, retomaram as chuvas e tornados. Também houve períodos de sol e primavera. 2016 foi assim: inconstante.
Em 2016 quase morri. Duas vezes. E sobrevivi 366.
Em 2016 vivi num hotel. Vivi em Braga. Em 2016 desesperei longe casa. Quis voltar e quis ficar.
Em 2016 fui peixeira, talhante, padeira, fruteira, escrava, e, depois, a custo de muitas horas sem dormir sou, finalmente, gerente de uma loja que te consome demasiado tempo, mas que adoro. Assumi um compromisso assustador com um trabalho que ainda não sei se amo.
Em 2016, mudei de loja e arranjei problemas. E cresci ao voltar.
Em 2016 testaram-me os limites. E fui forte. E chorei. E gritei. Fui calma. Fui fogo. Dor e felicidade. Foi palavras doces, e calão revoltado. Sempre tudo ao mesmo tempo, que o tempo é escaço.
Vi nascer o Brexit, o Trump ser eleito presidente, a Maria Leal ser considerada cantora, a Beyoncé lançar o melhor cd de todos os tempos, a Kelly ser mãe, a “Kristen” enviar-me um autógrafo., Portugal ser campeão e o Ronaldo atirar um microfone para um lago. Vi na minha pele as maiores nódoas negras de sempre, mas, também vi tatuagens silenciosas que marcaram tudo pelo que fui passando.
Escrevi e parei de escrever. Fui Marina Capaz. Comprometi a escrita, mas também escrevi muito. E calei as letras porque caladas doem sempre menos.
Entreguei a minha irmã à cidade que me fez crescer – e vi-a voar, sozinha. Levei-a a casa, quando a tirei de casa.
Em 2016 li pouco e trabalhei horas a mais - muitas. Ouvi boa música, viajei, fiz uma road trip e fiz decisões difíceis. Andei de avião.
2016 foi Genebra. E Leon. E Paris. Foi também uma casinha no Douro, e uma tarde de barco, e pôr do sol que cura tudo. Foi uma road trip de miúdas, foi o fugir do país. Foi a primeira viagem em família e a primeira vez que tive dinheiro suficiente para fazer loucuras.
Em 2016, vi o mundo e vi o fim dele. Em 2016 a morte veio buscar-me duas vezes. E, mandei-a embora. Porque ainda não terminei. Porque, fodasse, ainda nem comecei. Em 2016, senti-me grata. Muito grata.
Hoje, ao conduzir para casa, depois de horas loucas no trabalho, soltei o suspiro mais longo, mais duro, mais saboroso e doloroso de sempre. Custou, pá. UFA, 2016!
Que 2017 que faça livre, destemida, capaz e invencível.
Que me dê espaço e me esmague. Que seja doce e me engrandeça. Que me faça sentir grata.
Que, 2017 me dê pessoas, histórias e letras para escrever.
Que 2017 vos traga tudo o que anseiam - mesmo sem saberem, vos faça felizes e saudáveis! E que vos dê a força para procurarem a felicidade se esta teimar em vos escapar.
Quanto a nós, encontramo-nos sempre por cá.
Entra, 2017, sê bem-vindo.
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