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Não quero ter fim. Quero poder falar sem reticências, sem pontos. Quase nunca com vírgulas. Quero muito. Muita coisa. Agora. Ou nunca. Se não for já, não vale a pena ser mais.
Quero matar de dor e morrer de amor. Numa palavra. E viver numa frase, dita num fôlego só.
Quero o mundo no bolso e a chave na mão. Não quero mais nada, porque, raios, se não for agora, que não seja nunca.
Quero tudo. Num bafo de sorte. Numa lágrima de desespero. Numa mão de fé. Num sopro de esperança. Num sorriso de fim. Sem fim.
saudades...
As voltas do relógio levam-me às mesmas horas desses dias em que que dizias adeus sem saber.
Braga. Hotel novo. Este com uma micro varanda. Vista para uma casa grande com um laranjal pequenino. Ao longe montanhas e nuvens que anunciam chuva.
No andar de cima alguém faz as molas do colchão rangerem de forma rude.
Ou talvez seja o vizinho. Dono do laranjal...
Está frio. O trânsito desenfreado desmolda-se ao longe. Vejo os faróis dos carros tremeluzirem sempre que saio do hipnotismo que as montanhas me causam.
O vento frio bate-me no rosto. Não sinto nada para além do prazer de sentir o tempo a passar. E ele passa.
Salva-me dos dias raiados de cansaço para os teus braços de vento que amaina.
Não sei nada sobre a vida. Aliás, há dias em que tenho perfeita noção de que nada sei sobre o mundo em que habito.
Mas, conheço muitas pessoas. Trabalho com e para muitas pessoas.
Sei muito pouco sobre psicologia. Mas, sou mulher. E oiço muitas mulheres. Com quem trabalho, gosto de ler sobre elas, vivo com elas.
Conheço o suficiente sobre o desespero para perceber que a dor às vezes é tão alta e domadora que nos toma por completo. Que a mágoa é tão madrasta que nos torna nela e não em nós. Que o medo vai matando e que na impossibilidade de o matar, temos vontade de morrer.
Não sei nada da vida, mas sei demasiado sobre violência. Sobre desigualdade. Sobre injustiça. Sei demasiadas estórias que não chegam a história porque as protagonistas morrem nas mãos de monstros. Ou então, deixam-se matar e tornam-se no que não são.
Não sei o que passa na cabeça de uma mãe que leva os filhos para morte. Nem tão pouco sei a dose de desamor que tem alguém que quer por termo à vida.
Mas, sei que já chega de passividade. Chega de violência e destruição do outro. Chega de fecharmos os olhos e só os abrimos quando é tarde demais.
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