Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A minha irmã embarcou hoje para Paris, rumo à viagem de finalistas.
Enquanto digo a toda a gente cá em casa para não dramatizar, que tudo vai correr bem, as minhas mãos tremem.
Tremeram todo o dia.
Quando rio e digo à minha mãe para não parecer carente ao telefone, sinto-me orfã. Orfã de irmã.
A primeira semana no talho foi difícil. Tanto que ao terceiro dia fui repor. Paletes de tralha suavam tão apetecíveis comparadas com dezenas de animais mortos deitados numa montra.
Depois voltei. Tinha que voltar - afinal não sou de me acobardar perante carcaças.
Esta semana está a ser a loucura. Tivemos alguns percalços com o pessoal: baixas e ausências.
Já perdi a conta à carne que piquei, aos bifes e pernas de frango que embalei.
(sou tão boa a repor frango e a empilhar costeletas!)
Posso não saber muito, mas gosto é da confusão. Sou tão maluca.
Sente falta de ar. Não nos pulmões – no coração.
Ia comprar umas calças. Coube numas calças 38. Fiquei chocada e não comprei coisa nenhuma.
Hoje, já fiz um pão de ló, arroz doce e coquinhos.
Ainda bem que não comprei as 38. Amanhã já preciso de um 44.
Feliz Páscoa! Muito chocolate e família para todos!
Quando fui a Genebra fiquei em casa da C., emigrante na Suíça há mais de 25 anos.
À mesa, num jantar tipicamente português, com comida comprada na França, e em solo suíço, contou-nos tantas aventuras e desventuras da vida de emigrante.
Viagens de regresso atribuladas. Em carrinhas, em carros, com a pressa de quem quer muito regressar. Dos amigos perdidos na estrada nessas viagens que nunca tiveram fim.
Hoje ao ver as notícias lembrei-me muito do que a C. partilhou connosco naquele jantar. Lembrei-me da sua ânsia, da vida através das suas palavras.
Ser português tem muito de fado e saudade, e, às vezes de azar…
Perco a conta às nodoas negras que me brindam a pele de cor.
Perco-me nas horas que não durmo, nas dores que não olho e nas contas que não faço e que compõem, afinal esta massa sinuosa e revolta que conto ser.
.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.