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- Porque raio….? – pergunta ele.
A pergunta-se perde-se no ar, algures do outro lado a porta.
Por um lado ela sente-se grata por estarem separados por aqueles centímetros de madeira escura.
Liga o chuveiro. Abafa os passos dele, na divisão ao lado. Porque raio haveria ela de o querer ouvir? Ele não estava a ouvi-la, pois não?
A água está definitivamente quente demais. Como demais lhe parece tudo. Ao fumo aglomera-se no teto da casa de banho baixa.
Apetecia-lhe um cigarro. Desesperar com um cigarro entre os dedos, seria definitivamente melhor do que desesperar de mãos vazias.
Tenta que a água demasiado quente do chuveiro lhe gele o pensamento. Se o congelar, não mais se preocupa com ele.
Fecha os olhos. Queria tanto esquecer. Esquecer-se dela. Esquecer-se dele, que porque raio, continuava a andar nervosamente, castigando o soalho de madeira que tinha por debaixo dos pés.
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