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Hoje foi o dia em que quase morri. Se quiser ser optimista, hoje foi o dia em que fugi à morte.
Mas, prefiro acreditar que não morri hoje porque não tinha que morrer.
Tive um acidente. Um acidente grave. Sozinha. Eu e o carro que estimo ser minha alma gémea e minha salvação. Voamos os dois. E rodamos estrada fora. Batemos nos raides. E nunca mais paravamos. Não posso dizer que vi a minha vida passar-me diante dos olhos. Não vi. Estava demasiado focada em viver. Em parar. Em não morrermos.
Acabei deitada numa ambulância, qual filme, completamente imobilizada.
Estou bem. Só escoriações. O meu amor de carro, tem um vazio no que lhe chamávamos frente.
O condutor do carro que me fez despistar e perder o controlo da minha vida durante aqueles eternos segundos, nem sequer sabe, neste momento, que estou viva. Não parou. A mim também me custou parar.
Mas, parei. Mas, vivi. Dorida, cansada, de coração partido pelo meu carro, mas viva.
Hoje foi o dia em que quase morri. Hoje foi o dia em que pude continuar a viver.
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