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Deixei de escrever no dia em que fiquei amarga. Em que a minha escrita, tão crua, tao coração, tao visceral, tao selvagem, ficou seca e dura.
Medrosa. Merdosa.
Não escrevo porque dói. Dói-me. Porque mata. Porque não consigo escrever. Porque me rasga, me dilacera, me consome, me amarga.
No meu peito, tão cheio de letras e de mundo, morrem as historias que não conto. Que me morrem. Que me matam.
Sinto que os meus músculos não descansam e que o meu corpo se move em círculos.
Sinto-me infinitamente à espera, esperançada que o resultado final seja diferente do padrão que se mantém há demasiado tempo.
Conto os tic's a espera que os tac's soem diferentes - têm sido sempre iguais.
Sinto-me ansiosas. Sempre.
Porque o telefone tocou, porque não me ligam.
Porque entro as 5h, ou porque vou poder dormir até as 10h.
Porque sei que o trabalho é muito. Ou, não sei como estão as coisas.
Quero tanta coisa e tenho tantas saudades de tudo que me falta o ar. Que me falta a paciência e a vivacidade. Que me falto.
Estou exausta de estar cansada e ansiosa. De me querer. de querer os outros para mim, dentro de mim, ao pé de mim.
De querer ser artista e escrever. De querer parar. De me sentir vazia. E cheia.
Sinto o peito arder. São três da manhã e sinto-me em chamas.
As minhas chamas.
O meu fogo.
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