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Como é fino o nervo que nos separa da loucura.
Lês-me tantas vezes os meus sonhos em voz alta, que às tantas, comecei a acreditar que eram mesmo meus.
Enquanto tivermos, na televisão nacional, em dois dos canais de canal aberto, em horário nobre, programas sexistas em que mulheres são postas em montras para serem escolhidas ou por homens (alguns deles com 20 anos) ou por outras mulheres, mães dos primeiros, não me admira nada que a violência doméstica prospere e a desigualdade vá de vento em pôpa.
(E perguntas como "sabes cozinhar? O meu filho é um rapaz de sustento". Ou, "gostas de fazer a lide da casa?"
Um inferno.....)
Descendo de uma linhagem de mulheres fortes. Que desafiaram padrões e foram á luta.
A minha bisavó era mãe solteira por opção. A minha avó casou grávida. Ambas trabalharam e criaram os filhos. Levaram a vida aos empurrões e foram donas dos seus destinos.
Sou a terceira de uma geração de mulheres fortes, de pulso. Sensíveis e muitas vezes vítimas nas mãos de homens que não souberam lidar com o seu brilho.
Tenho muito orgulho das minhas mulheres. Amigas, mães, avós e irmãs. Daquelas que passo na rua e me sorriem. Que percebem o que lhes digo com os olhos.
O mundo ainda precisa de evoluir muito para perceber que as asas das mulheres são tão livres quanto as dos homens. Que somos diferentes e únicas. E, que não estamos menstruadas, estamos mesmo fodid*s. E, que as nossas pernas ao léu não pedem que mãos alheias lhes toquem. Nem a nossa liberdade é libertinagem. E, que não, não queremos ouvir piropos, nem o nosso andar é provocante.
E sim, fazemos o mesmo trabalho que os homens. E sim, continuamos a ganhar menos.
Este ano, continuam a morrer demasiadas mulheres ás mãos dos homens que não o sabem ser.
O dia mundial da mulher faz sentido. Todo o sentido. E, era tão bom que deixasse de fazer.
E, num sopro, a maré muda.
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