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Amor a vida está suspensa.
Fecharam-se as portas e as janelas. Ficou só esta errada e longa reta que todos os sinais apontam ser o nosso futuro.
Não te preocupes.
Com mergulhos mais ou menos profundos ninguém sai de pé, estamos todos a levitar.
Entro no carro. Ponho a chave na ignição. Um pedal, uma mudança. Respiro longamente. Uns dias mais fundo do que outros.
Ligo o rádio. Aumento o volume, até não haver mais volume para aumentar.
Abro o vidro do carro, enquanto faço inversão de marcha.
Certifico-me que o volume do rádio está no máximo. Está sempre.
Não importa a música. Vou sempre cantar demasiado alto. Até me doer a cabeça e a garganta.
Até os outros condutores me olharem de lado.
Sigo para casa.
E, durante aqueles pouco mais de três minutos finjo que está tudo bem. Que este não é só mais um dia riscado do calendário.
E, de súbito, dia depois de dia,
estes tornaram-se os únicos três minutos diários de normalidade que tenho.
E, do nada as almas cruzam-se e as vidas fundem-se.
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