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Aproveito o vazio das noites, o silêncio de quem dorme.
Postro-me, quase sempre, numa cadeira qualquer e deixo-me consumir por todas as intempéries que fecho, a sete chaves, em baús e caixas negras que trago amiúde debaixo do braço.
Dreno-me assim de toda a vida que fingo viver leve, levemente. Pego as dores ao colo, embalo-as devagarinho, quais crianças frágeis. Passo assim as madrugadas: voz embargada, alma perdida, medo no regaço. Quando o dia amanhece, adormeço e nasço para um novo dia. Com tudo. Sempre sem nada.
Quero sempre tantos infinitos, para uma vida tão finita.
São 4:30h. Cheguei à pouco do trabalho. Exausta.
Estou sentada no sofá, a procurar o sono e a beber um galão. E, estou completamente abismada com o que se está nas principais avenidas lisboetas.
A falta de noção deste país e fado, futebol e Fátima é abismal...
Sentei-me e pousei o coração em cima da mesa. Há conversas que só podemos ter assim: corações à parte.
Já te morri no regaço.
Seguraste a vida em suspenso enquanto me tomavas conta das dores.
Dormiste á minha cabeceira muribunda. Calada. Atenta. A segurar o mundo para que eu pudesses morrer quanto tempo quisesse.
Já vivi muito. Morrer só morri uma vez. No teu regaço. E foi de braço dado contigo que renasci.
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